Home office: o discurso do “novo de fazer acontecer” esconde uma perigosa armadilha
Na sexta-feira, 9/6, a Equatorial Celpa realizou uma live apresentando um projeto-piloto de teletrabalho para os trabalhadores/as da área administrativa. O discurso de “novidade”, “novo jeito”, etc., na realidade esconde o custo de você trabalhar fora do estabelecimento da empresa.
Despesas
A palestrante não respondeu quem vai arcar com as despesas com o chamado home office, como internet, energia elétrica, mesa, cadeira e outros custos diretamente relacionados à execução da atividade. Ou seja, os custos que antes eram da empresa, agora ela tenta repassar aos trabalhadores/as?
Essas despesas não deixam de existir. E a empresa vai deixar de pagar energia, internet, água… Para os funcionários, o home office não é necessariamente um modelo mais barato! Cada investimento em ergonomia e aparelhos de alta qualidade tem um preço.
Os participantes da live questionaram a expositora do projeto, mas não tiveram resposta, deixando nas entrelinhas que a Equatorial Celpa ficaria responsável somente pela disponibilidade de notebooks. E esse equipamento seria fornecido mediante termo de responsabilidade, repassando o risco de danos ao trabalhador/a.
A reforma trabalhista (2017) prevê o teletrabalho em seu artigo Art.75-D e seguintes.
Hora-extra
Outra pergunta que ficou sem resposta, foi quanto aos casos de sobrejornada, ou seja, geração de horas-extraordinárias. Quer dizer, se o gerente solicitar um serviço depois das 18h, ou mesmo se uma atividade ultrapassar a jornada ou precisar ser efetuada no horário do intervalo de almoço? Será computada hora-extra?
Temos relatos de que na experiência de home office no período pandêmico, havia sobrejornada de trabalho até 23h, 24h e até uma da madrugada, devido também a problemas no equipamento fornecido pela empresa, tipo sistema travado e computadores portáteis lentos.
Pressão nos setores
Recebemos denúncias de que gerentes estão exercendo grande pressão nos setores para que as pessoas façam a adesão ao projeto de trabalho híbrido (4 dias na empresa, um em casa) e remoto (100% teletrabalho). A pressão é para que a empresa consiga implantar o projeto e economizar, repassando despesas que são responsabilidade dela para os trabalhadores/as.
Fim das baias
Mais denúncias chegam ao Sindicato, afirmando que o projeto de teletrabalho inclui por fim às estruturas chamadas baias (estações de trabalho). Conforme a denúncia, a Equatorial Celpa vai tirar as baias e adotar grandes mesas redondas, que seriam ocupadas conforme a ordem de chegada dos trabalhadores/as, o que fatalmente criará situações de falta de espaço para as pessoas que atuam no administrativo.
Vale-alimentação
O clima está de terror, pois existem rumores, conforme denúncia, de que a empresa, com essa de “novo jeito de fazer acontecer”, tentará cortar o vale-alimentação. Esse absurdo está fora de cogitação, pois é garantido no acordo coletivo.
As implicações são enormes e prejudiciais aos trabalhadores. Por isso, tenhamos cautela. Nada de ir no discurso de modernidade e inovação. Perceba a armadilha que se apresenta.
E mais, por que apresentar um projeto que mexe (prejudica) tanto com os trabalhadores/as numa sexta-feira imprensada por um feriado, período em que muitos trabalhadores estavam compensando horas?
Sindicato
Outra questão, por que impediram a participação do Sindicato, que é o representante do trabalhador/a? Será que é coisa boa para o/a trabalhador/a?

Fonte: Ascom Stiupa