Foi confirmada a saída de 233 companheiros e companheiras da DESO que aderiram à Cláusula 52 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) – de Indenização por Tempo de Serviço – que existe há mais de 30 anos e que, com o passar do tempo, foi sempre acrescendo valores graças a ações do SINDISAN nas negociações dos acordos coletivos.

Alguns, de forma equivocada, acompanhando o engodo do governador Fábio Mitidieri, vêm dizendo que se trata de PDV – Plano de Demissão Voluntária. Fosse PDV, seria um incentivo pecuniário dado pelo governo – acionista majoritário – e pela DESO para o desligamento da empresa, o que não é o caso.

O que não se pode negar é que as pressões dentro da empresa, por conta do avanço do projeto de Mitidieri de privatizar a DESO a qualquer custo para atender os seus interesses políticos e eleitoreiros, induziram companheiros e companheiras, por segurança financeira, diante das incertezas do futuro, a aderirem à Cláusula 52.

Porque a lógica do sistema capitalista e dos privatistas e essa: deixar a companhia estatal mais enxuta possível, descartando o máximo de trabalhadores que puder, para que a empresa privada que ganhar a concessão possa substituir por mão de obra barata e, assim, aumentar os lucros para os acionistas.

E para facilitar esse descarte, quando se trata de empresa pública, cujos trabalhadores organizados e com sindicato forte têm salários acima da média do mercado, os abutres de plantão pendurados nos altos cargos comissionados do governo e os serviçais do sistema, travestidos de formadores de opinião nos meios de comunicação, tratam de atacar a categoria diuturnamente, tachando-os de “marajás” e outros adjetivos mais baixos, justamente para colocar a população contra esses trabalhadores e facilitar o descarte deles em um PDV qualquer.

Isso foi o que aconteceu em um momento triste da história recente de Sergipe, quando a Energipe foi privatizada a preço de banana, com demissão em massa de trabalhadores via PDV. E muitos dos que aderiram ao PDV da Energipe nunca mais conseguiram emprego e se somaram ao chamado “exército de reserva” – mão de obra excedente e barata para ser explorada pelos verdadeiros sanguessugas da sociedade.
Hoje, a realidade da Energisa – a Energipe privatizada – é de um quadro mínimo de trabalhadores com salários baixíssimos e aviltantes, precarização, muitos acidentes de trabalho e mortes pelas jornadas excessivas para cobrir falta de pessoal, entre outras maldades para que a empresa explore ao máximo os trabalhadores, pagando o mínimo e gerando lucro máximo para os seus donos e acionistas.

E é isso que os capachos do governo privatista de plantão querem para a DESO, e ainda mentem descaradamente dizendo que vão gerar mais de 8 mil empregos.

Aos companheiros e companheiras que aderiram à Cláusula 52 e estão deixando a Companhia – não porque querem, mas por receio de demissão em caso de a concessão parcial da DESO acontecer –, fica aqui o agradecimento do SINDISAN por todos os bons serviços que prestaram ao povo sergipano. A maioria teve participação direta nas nossas conquistas, nas muitas lutas travadas pelo sindicato por melhores condições salariais e de trabalho, fazendo do SINDISAN uma referência de luta no Brasil, no final dos anos 80 e começo dos 90, com várias greves históricas e vitoriosas.

A estes companheiros, mesmo após a saída, o SINDISAN manterá as suas portas abertas para recebê-los sempre! Seguiremos juntos na luta por uma sociedade justa e igualitária.

Fonte: Ascom SINDISAN