Artigo: Lucas Tonaco*
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A Suécia é um país localizado na região norte da Europa, com uma área total de aproximadamente 450.000 km². Sua população é estimada em cerca de 10,4 milhões de habitantes. Hidrograficamente, a Suécia é rica em lagos e rios, com mais de 97.500 lagos e diversos rios importantes, incluindo o rio Göta, que é o maior do país.

Na Suécia, o sistema jurídico relacionado à água é regido principalmente pela Lei da Água (Vattenlagen), que foi promulgada em 1987 e é composta por 50 artigos. Essa lei estabelece os princípios e as diretrizes para a gestão dos recursos hídricos no país, abrangendo aspectos como a conservação, proteção e uso sustentável da água. Além disso, a Lei da Proteção Ambiental (Miljöbalken) também possui disposições relacionadas à água e à preservação do meio ambiente aquático. Essas leis visam garantir a qualidade da água, a gestão adequada dos recursos hídricos e a proteção dos ecossistemas aquáticos na Suécia. Em termos de instituições, a Agência Sueca de Proteção Ambiental desempenha um papel fundamental na supervisão e regulamentação dos recursos hídricos do país. Além disso, as autoridades municipais e regionais têm responsabilidades na gestão local dos recursos hídricos. O orçamento para a proteção ambiental, incluindo a gestão da água, é definido pelo governo sueco. De acordo com relatório e estudos, a Agência Sueca de Proteção Ambiental emprega aproximadamente 600 funcionários e recebe um orçamento anual de cerca de 2 bilhões de coroas suecas (aproximadamente 234 milhões de dólares) para implementar medidas relacionadas à água e ao meio ambiente aquático no país .

O rio Göta é um dos rios mais importantes da Suécia, com uma extensão de aproximadamente 93 milhas. Ele é formado pela emoção dos rios Örekilsälven e Nossan, fluindo para o mar através do estuário de Göteborg, uma área crucial para o transporte marítimo e a economia da região. Além disso, o Göta é uma importante via navegável interna, confiante para o transporte de cargas e passageiros entre Estocolmo e Gotemburgo, facilitando o comércio e a indústria ao longo de seu curso. A presença desse rio também favorece a agricultura nas áreas adjacentes, proporcionando a irrigação e o abastecimento de água para os campos agrícolas, o que impacta positivamente a economia local. (Fonte: Agência Sueca para Gestão Marinha e Hídrica – havochvatten.se O rio Göta desempenha um papel significativo na história e na identidade da região. Durante séculos, diferentes grupos étnicos habitaram as áreas ao longo do rio, incluindo os nativos suecos e grupos de imigrantes de origens diversas. Essa diversidade cultural influenciou a rica herança e tradições locais. Além disso, o rio Göta é cercado por belas paisagens naturais e áreas protegidas, tornando-se um local importante para atividades recreativas e turísticas. A pesca também é uma atividade culturalmente significativa no rio, com comunidades locais tradicionalmente dependentes do rio para sustento e subsistência. Esse aspecto cultural da vida ao longo do Göta é importante para a coesão social e para a preservação das tradições locais. Em relação aos conflitos, o rio Göta também suscita desafios relacionados ao combustível da água e aos impactos ambientais. Relatórios indicam que, em algumas áreas, os níveis de poluentes industriais e agrícolas têm sido motivo de preocupação. Além disso, a construção de represas e outras infraestruturas ao longo do rio gerou debates sobre a interferência nos ecossistemas aquáticos e na migração de peixes. No entanto, as autoridades suecas têm buscado soluções para minimizar esses conflitos, implementando medidas de proteção ambiental e promovendo a conscientização sobre a importância da preservação do rio Göta e sua biodiversidade. (Fonte: Agência Sueca para Gestão Marinha e Hídrica – havochvatten.se; Knaggård, Å., & Leijon, M. (2003). Estratégias de gestão para aumentar a migração de peixes diádromos em rios regulamentados: estudo de caso do rio Göta, Suécia. Fisheries Management and Ecology, 10(6), 407-414.)

O abastecimento de água na Suécia é geralmente de responsabilidade dos municípios, que podem operar o sistema de forma pública ou privada. Existem também algumas empresas de água regionais que fornecem água para áreas específicas do país. Um exemplo é a empresa de água Stockholm Vatten AB, que fornece água para a região metropolitana de Estocolmo. De acordo com o relatório da Agência Sueca de Proteção Ambiental em 2018, cerca de 86% da população sueca recebe água potável diretamente de sistemas públicos de abastecimento, enquanto o restante é atendido por pequenas empresas privadas ou sistemas de abastecimento locais.Houve alguns conflitos relacionados ao abastecimento de água na Suécia, especialmente no que diz respeito a questões de propriedade e controle. Em algumas áreas, a privatização do serviço de água gerou debates e preocupações sobre a qualidade e o acesso equitativo à água. Os conflitos também viveram em relação ao preço da água e aos investimentos necessários para melhorar as infraestruturas de abastecimento. No entanto, os conflitos têm sido mitigados por meio de regulamentações governamentais e medidas de controle para garantir a qualidade e a sustentabilidade do abastecimento de água em todo o país. (Fonte: Agência Sueca de Proteção Ambiental – naturvardsverket.se; Agência Europeia do Meio Ambiente – eea.europa.eu).

As mudanças climáticas tiveram um impacto significativo na questão da água na Suécia. Um fenômeno observado é o aumento das temperaturas médias, o que levou ao derretimento acelerado das geleiras e à redução da cobertura de neve nas montanhas. De acordo com estudos do SMHI (Swedish Meteorological and Hydrological Institute), entre 1957 e 2017, as temperaturas médias na Suécia aumentaram cerca de 1,5°C, o dobro da média global. Esse derretimento das geleiras e nunca contribui para o aumento do nível do mar e também afeta o regime de escoamento dos rios, podendo levar a uma maior irregularidade no fluxo hídrico. Outro fenômeno relacionado é o aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como chuvas torrenciais e inundações. Por exemplo, em 2014, a Suécia foi atingida por fortes chuvas que causaram inundações generalizadas e danificaram a infraestrutura e o abastecimento de água potável. A irregularidade no fornecimento de água potável tem se tornado mais comum em muitas regiões do país. As projeções futuras indicam que as mudanças climáticas continuarão afetando a disponibilidade de água na Suécia. Segundo o relatório “Climate in Sweden – mudanças recentes e projeções futuras” do SMHI, espera-se que as temperaturas aumentem ainda mais no futuro, com um possível aumento de até 4,5°C até o final do século. Esse aquecimento leva ao derretimento adicional das geleiras e neve, atendendo ainda mais os recursos hídricos disponíveis. Além disso, espera-se que o país enfrente uma maior irregularidade nas chuvas, com eventos mais intensos e prolongados de seca em algumas regiões e chuvas torrenciais em outras. Isso terá impactos na agricultura, nos recursos hídricos para consumo humano e na produção de energia hidrelétrica, uma importante fonte de energia renovável no país. (Fonte: SMHI – smhi.se)

Água e inteligência na Suécia

O sistema de inteligência e segurança nacional da Suécia é composto pela Agência Sueca de Inteligência (SÄPO) e pela Agência Sueca de Segurança Civil (MSB), entre outras instituições. A atividade de inteligência é regulamentada principalmente pela Lei de Inteligência Sueca (Säkerhetsskyddslagen) e pela Lei de Proteção de Informações Classificadas (Säkerhetsskyddslag).Em termos de preparação para as mudanças climáticas e questões relacionadas à água, a Suécia adota uma abordagem abrangente. O governo sueco tem estratégias e planos de ação desenvolvidos para lidar com os efeitos das mudanças climáticas nos recursos hídricos do país. Um exemplo é a Estratégia Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas (2018), que diretrizes e metas para enfrentar os desafios relacionados à água e outros setores.O país investe em pesquisa científica e monitoramento contínuo para entender melhor as mudanças no regime hidrológico e o impacto nas fontes de água potável. O SMHI (Instituto Sueco de Meteorologia e Hidrologia) desempenha um papel crucial na coleta de dados e no fornecimento de informações sobre as mudanças climáticas na Suécia. O orçamento destinado a essas atividades é significativo, garantindo recursos para pesquisa, infraestrutura e projetos de adaptação. Essas ações refletem o compromisso do país em garantir a segurança hídrica e resiliência diante das mudanças climáticas em curso. (Fontes: Government Offices of Sweden, SMHI).

Lucas Tonaco – secretário de Comunicação da FNU, dirigente do Sindágua-MG, acadêmico em Antropologia Social e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

 

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