No dia 13 de março, um funcionário de uma terceirizada da Enel, concessionária de energia elétrica de São Paulo, foi morto ao tentar cortar a energia de um estabelecimento por falta de pagamento. O episódio escancarou uma realidade cruel e preocupante: os trabalhadores terceirizados do setor elétrico vivem sob constante ameaça e pressão, não apenas em São Paulo, mas em todo o Brasil.

Em Mato Grosso do Sul, o Sinergia-MS, sindicato que representa os eletricitários, afirma que esses trabalhadores terceirizados vivem com ameaças constantes de consumidores insatisfeitos e pressão por metas diárias.

“Sem contar que, esses terceirizados têm salário e vale alimentação baixos. Além de uma jornada de trabalho extensa, aliada à pressão por metas e ao medo de represálias, gera exaustão física e mental, impactando diretamente na saúde dos trabalhadores”, destaca o presidente do Sinergia-MS, Francisco Ferreira.

A Energisa-MS, concessionária de energia elétrica de Mato Grosso do Sul, tem atualmente contrato com sete prestadoras de serviço.

Segundo o presidente do sindicato, além dos eletricistas, essa realidade é vivida pelos leituristas terceirizados, que sofrem com as mesmas condições precárias de trabalho, enfrentando ainda as intempéries do tempo e o risco de ataques de cães. Há dois anos, também houve um caso de uma leiturista que foi assassinada a tiros por um consumidor em Rondonópolis/MT.

Há muitos anos, o Sinergia-MS luta contra a terceirização desenfreada no setor elétrico por conta da precarização às condições de trabalho e aos salários e benefícios, que são vergonhosos. “Ainda existe a questão das terceirizadas que abrem falência e deixam os seus trabalhadores sem receber. Por isso, o sindicato continua fazendo a luta em prol dos trabalhadores próprios e terceirizados”, ressalta Francisco.

Precarização do trabalho

Para o Sinergia-MS, a terceirização no setor elétrico representa aumento do risco de ocorrência de acidentes graves e até a morte, por conta dessa precarização do trabalho e da segurança dos trabalhadores do setor de distribuição de energia elétrica.

Um exemplo foi a morte de Wesley Tavares de Oliveira, de 35 anos, trabalhador da então terceirizada da Energisa-MS, Energy, em Naviraí. O acidente que provocou a morte do eletricista ocorreu no dia 19 de fevereiro, na MS 295, em Iguatemi. Conforme as informações apuradas pelo sindicato, a equipe saiu de Naviraí para realizar a troca de um transformador em Tacuru.

“Esse serviço surgiu de madrugada, eles estavam trabalhando desde às 7 horas da manhã e foram acionados para o plantão às 18h30, após a jornada normal do dia. O acidente aconteceu quando a equipe retornava para Naviraí – à 01h da manhã, cansados e sem alimentação -, e tudo indica que eles dormiram. É um trabalho pesado e eles estavam cansados”, afirmou na época o presidente do sindicato e técnico de segurança do trabalho, Francisco Ferreira.

O motorista teria perdido o controle do caminhão da empresa e atingido uma árvore às margens da pista. Com o impacto da colisão, o veículo pegou fogo. Três trabalhadores conseguiram sair, mas Wesley ficou preso às ferragens e morreu carbonizado.

No local, não foram encontradas marcas de frenagem na pista, objetos ou obstáculos que tenham contribuído para o acidente.

Fonte: Ascom Sinergia-MS