Artigo: Lucas Tonaco*
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A Espanha é um país localizado na Península Ibérica, com uma extensão territorial de aproximadamente 505.990 km² e uma população estimada em cerca de 47 milhões de habitantes. O país é atravessado por importantes rios, como o Rio Ebro, o Rio Tejo, o Rio Guadiana e o Rio Guadalquivir, contribuindo para a riqueza hidrográfica e diversidade paisagística da nação. A Espanha enfrenta uma série de conflitos e desafios relacionados à água. Um exemplo notável é a gestão dos recursos hídricos em regiões áridas, como no sul do país, onde a escassez de água é um problema recorrente. Essa economia afeta tanto o abastecimento de água potável para a população quanto às atividades agrícolas, industriais e turísticas nestas regiões. Outro conflito importante diz respeito à distribuição equitativa da água entre diferentes regiões da Espanha. A existência de bacias hidrográficas compartilhadas entre várias comunidades autônomas pode gerar disputas sobre a alocação dos recursos hídricos.

A Espanha tem adotado esforços de inteligência e ações controladas para garantir a segurança hídrica. Isso inclui a implementação de tecnologias avançadas para monitorar a disponibilidade de água, prever eventos climáticos extremos e otimizar o uso dos recursos hídricos. Além disso, a Espanha tem investido em infraestrutura de armazenamento e distribuição de água, como barragens e canais de irrigação. Os estudos, como o de García-Rubio et al. (2019), intitulado “Water Governance in Spain: Achievements and Challenges”, analisam os esforços da Espanha na governança dos recursos hídricos, enfatizando a importância da cooperação entre os setores públicos e privados, as instituições governamentais e as comunidades locais na busca por soluções competente para os desafios relacionados à água.

O sistema de leis na Espanha é baseado em regulamentações nacionais e em conformidade com a legislação da União Europeia, como a Diretiva Quadro da Água. Essa legislação estabelece os princípios e objetivos para a gestão dos recursos hídricos, bem como as responsabilidades das autoridades competentes a nível nacional e regional.Instituições como o Ministério da Transição Ecológica e o Observatório da Sustentabilidade desempenham um papel fundamental na implementação das políticas de gestão da água, promovendo a colaboração entre as partes interessadas, realizando pesquisas e fornecendo orientações para a tomada de decisões relacionadas à água. Lei de Águas: A Lei de Águas da Espanha, estabelecida em 1985 e atualizada em 2001, é a principal legislação que regula a gestão e o uso dos recursos hídricos no país. Ela define os princípios gerais de proteção, conservação e gestão sustentável da água.Confederação Hidrográfica: A gestão da água na Espanha é realizada pelas Confederações Hidrográficas, que são órgãos administrativos responsáveis pela gestão dos recursos hídricos em diferentes bacias hidrográficas do país. Existem várias Confederações Hidrográficas na Espanha, como a Confederação Hidrográfica do Tejo, do Ebro, do Guadalquivir, entre outras.Agência Espanhola de Água (AEA): A Agência Espanhola de Água é uma instituição governamental responsável por coordenar e promover políticas relacionadas à gestão dos recursos hídricos em nível nacional. Ela atua como um órgão técnico de apoio às Confederações Hidrográficas, fornecendo orientações, realizando estudos e promovendo a cooperação entre as diferentes entidades envolvidas na gestão da água.

Nos aspectos hidrográficos, começamos mais uma vez pelo  Rio Tejo, conhecido como Tajo em espanhol, é um importante curso d’água que atravessa a Espanha. Segundo relatórios e estudos acadêmicos, como o “Atlas de los Ríos de España” do Instituto Geológico y Minero de España, o Tejo tem uma extensão de cerca de 1.008 km e uma bacia hidrográfica que abrange uma área significativa do país. O rio desempenha um papel crucial na economia espanhola, sendo utilizado para a navegação comercial, produção de energia hidrelétrica e irrigação agrícola. Estudos econômicos destacam a importância do rio para a agricultura, especialmente nas regiões próximas ao seu curso, onde a água do Tejo é utilizada para a irrigação de culturas como olivas, amêndoas e vinhas, contribuindo para o desenvolvimento econômico das áreas ribeirinhas.

O Rio Tejo possui uma rica herança cultural que se estende ao longo das suas margens na Espanha. Estudos culturais, como o artigo “La cultura de los ríos: una aproximación a la relación de las comunidades humanas con los ríos” publicado na revista Pasos: Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, destacam o valor simbólico e histórico do Tejo na cultura espanhola. O rio inspirou a criação de lendas, tradições orais, festividades e expressões artísticas, enraizando-se profundamente na identidade das comunidades ribeirinhas. Além disso, a importância histórica do Tejo é evidente em monumentos e edifícios históricos localizados às suas margens, como o icônico Monastério de San Juan de los Reyes em Toledo e a majestosa Ponte de Alcântara em Cáceres.

Relatórios e estudos têm documentado conflitos relacionados à gestão dos recursos hídricos no Rio Tejo na Espanha. Um exemplo significativo é o conflito envolvendo a distribuição desigual da água entre diferentes regiões da bacia hidrográfica do Tejo. Estudos como o “Análisis de la conflictividad en el uso y gestión del agua en la cuenca del río Tajo” realizado pela Fundación Nueva Cultura del Agua, destacam a disputa entre as regiões de Castilla-La Mancha e a Comunidade de Madrid pela água do Tejo. O conflito envolve o abastecimento de água para uso doméstico, irrigação agrícola e o impacto no ecossistema do rio. Tais questões têm sido objeto de debates políticos, mobilizações sociais e demandas por uma gestão mais equitativa e sustentável dos recursos hídricos na bacia do Rio Tejo na Espanha.

Outro rio importantíssimo a ser citado, é o Rio Ebro, um dos mais importantes rios da Península Ibérica, apresenta características hidrográficas e econômicas significativas. Relatórios e estudos acadêmicos, como o “Atlas de los Ríos de España” do Instituto Geológico y Minero de España, indicam que o Ebro possui uma extensão aproximada de 910 km e uma bacia hidrográfica que abrange uma área substancial da Espanha. O rio desempenha um papel fundamental na economia do país, especialmente na região de Aragão e na Comunidade Autônoma da Catalunha, onde a agricultura é impulsionada pela fertilidade das terras irrigadas pelo Ebro. Além disso, o rio é utilizado para a geração de energia hidrelétrica, sendo um importante recurso para o abastecimento de água potável e para a navegação comercial.

O Rio Ebro desempenha um papel significativo na cultura espanhola, influenciando tradições e manifestações artísticas ao longo de suas margens. Estudos culturais, como o livro “Els Països de l’Ebre: L’ús social de l’espai fluvial a les Terres de l’Ebre”, destacam a importância do Ebro como um símbolo cultural e histórico. O rio inspirou lendas e histórias transmitidas de geração em geração, bem como festividades tradicionais, como as Festas de la Mare de Déu de la Salut, em Algemesí. Além disso, a paisagem do Ebro foi retratada em obras de arte, como as pinturas de Joaquín Sorolla, contribuindo para a identidade cultural da região.Relatórios e estudos acadêmicos têm documentado conflitos relacionados à gestão dos recursos hídricos no Rio Ebro na Espanha. Um exemplo notável é o conflito envolvendo a distribuição da água entre diferentes regiões e usos. Estudos, como o “Estudio de la conflictividad por el uso y gestión del agua en la cuenca del Ebro” realizado pela Fundación Nueva Cultura del Agua, evidenciam disputas entre setores agrícolas, urbanos e ambientais pela água do rio. O conflito se intensifica em períodos de escassez hídrica, quando demandas concorrentes geram tensões entre os usuários e a sustentabilidade dos ecossistemas fluviais. Essas questões têm sido objeto de debates políticos, negociações e busca por soluções que promovam uma gestão mais equitativa e sustentável dos recursos hídricos na bacia do Rio Ebro na Espanha.

O terceiro e não menos importante, é o Rio Guadiana, sendo um curso d’água de grande importância hidrográfica e econômica na Espanha. De acordo com relatórios e estudos acadêmicos, como o “Atlas de los Ríos de España” do Instituto Geológico y Minero de España, o Guadiana possui uma extensão de aproximadamente 742 km e uma bacia hidrográfica que abrange uma área considerável do país. O rio desempenha um papel crucial na economia, especialmente nas regiões de Extremadura e Andaluzia, onde é utilizado para a irrigação de culturas agrícolas, como olivas, amêndoas e cítricos. Além disso, o Guadiana também é utilizado para a produção de energia hidrelétrica, contribuindo para o fornecimento de energia limpa e renovável. O Rio Guadiana tem uma profunda conexão com a cultura espanhola ao longo de suas margens. Estudos culturais, como o livro “El Guadiana. Territorio, cultura y tradiciones en el río internacional” de Francisco Javier Peñalosa Esteban, destacam a importância do Guadiana como um elemento simbólico e histórico. O rio inspirou lendas e mitos, além de ser palco de festividades tradicionais, como a Romaria de Nossa Senhora de Guadalupe, que reúne peregrinos anualmente na região. A paisagem natural e a biodiversidade ao longo do Guadiana também desempenham um papel importante na cultura local, influenciando a gastronomia, a música e as artes. Relatórios e estudos acadêmicos têm identificado conflitos relacionados à gestão dos recursos hídricos no Rio Guadiana na Espanha. Um exemplo notável é o conflito entre a Espanha e Portugal pela distribuição da água do rio. Estudos, como o “Análisis de la conflictividad en el uso y gestión del agua en la cuenca del río Guadiana” realizado pela Fundación Nueva Cultura del Agua, evidenciam as disputas entre os dois países pela água do Guadiana, especialmente em períodos de escassez hídrica. Questões como a irrigação agrícola, o abastecimento urbano e a conservação do ecossistema têm sido fontes de tensão. Esses conflitos têm sido objeto de negociações e acordos bilaterais, com o objetivo de promover uma gestão mais sustentável e equitativa dos recursos hídricos na bacia do Rio Guadiana.

Por último, o Rio Guadalquivir, um dos principais rios da Península Ibérica, apresenta características hidrográficas e econômicas notáveis. Relatórios e estudos acadêmicos, como o “Atlas de los Ríos de España” do Instituto Geológico y Minero de España, destacam que o Guadalquivir tem uma extensão de aproximadamente 657 km e uma bacia hidrográfica que abrange uma área significativa do sul da Espanha. O rio desempenha um papel fundamental na economia regional, principalmente na região da Andaluzia, onde é utilizado para a irrigação de culturas agrícolas, como arroz, laranjas e oliveiras. Além disso, o Guadalquivir é navegável, favorecendo o transporte comercial e o turismo fluvial, impulsionando a economia local.O Rio Guadalquivir desempenha um papel importante na cultura espanhola ao longo de suas margens. Estudos culturais, como o livro “Rutas fluviales por el Guadalquivir” de Juan García Morato, destacam a importância histórica e simbólica do Guadalquivir. O rio tem sido um elemento inspirador para poetas, músicos e artistas, além de estar ligado a festividades tradicionais, como a Festa de Nossa Senhora da Saúde, em Córdoba. A paisagem natural e os ecossistemas ao longo do Guadalquivir também são valorizados culturalmente, sendo preservados e protegidos como patrimônio natural e histórico.Relatórios e estudos acadêmicos têm identificado conflitos relacionados à gestão dos recursos hídricos no Rio Guadalquivir na Espanha. Um exemplo notável é o conflito envolvendo a distribuição da água do rio entre diferentes setores e usos. Estudos, como o “Análisis de la conflictividad en el uso y gestión del agua en la cuenca del río Guadalquivir” realizado pela Fundación Nueva Cultura del Agua, evidenciam disputas entre interesses agrícolas, abastecimento urbano e conservação do ecossistema do Guadalquivir. Questões como a quantidade de água disponível, a qualidade da água e as demandas concorrentes têm sido fontes de tensão entre os usuários do rio. Esses conflitos têm sido objeto de negociações, regulação e busca por soluções sustentáveis para garantir uma gestão equilibrada e adequada dos recursos hídricos na bacia do Rio Guadalquivir.

O abastecimento de água na Espanha é realizado por uma combinação de companhias públicas e privadas, que desempenham um papel crucial na gestão e distribuição dos recursos hídricos. Entre as principais companhias públicas destacam-se a empresa estatal Águas de España, responsável pela coordenação e gestão dos recursos hídricos em todo o país. Além disso, existem companhias públicas regionais, como a Empresa Municipal de Águas de Barcelona (EMSSA) na Catalunha e a Empresa Municipal de Águas de Valencia (EMIVASA) em Valencia, que atuam na gestão do abastecimento de água nessas regiões específicas. No setor privado, há empresas como a Aqualia, uma das maiores companhias de água privadas da Espanha, que opera em várias regiões do país.

Relatórios e estudos, como o “Informe del Sector del Agua en España” do Ministério para a Transição Ecológica e do Reto Demográfico, fornecem informações sobre o atendimento da população por essas companhias. De acordo com o relatório, a Águas de España atende cerca de 85% da população espanhola, enquanto outras companhias públicas e privadas complementam o restante, garantindo o abastecimento de água em diferentes regiões do país.Relatórios e estudos acadêmicos têm documentado conflitos históricos relacionados às companhias de abastecimento de água na Espanha. Um exemplo notável é o conflito ocorrido em Barcelona entre a empresa privada Águas de Barcelona e a população local. Estudos, como o artigo “Water Privatisation and Resistance in Barcelona” publicado na revista científica Antipode, discutem as tensões e mobilizações sociais que surgiram devido à privatização da gestão da água na cidade. Questões como o aumento das tarifas, a qualidade do serviço e o controle democrático dos recursos hídricos foram pontos centrais de conflito.Outro exemplo é o caso da Comunidade de Madrid, onde ocorreram conflitos relacionados à privatização parcial do abastecimento de água. Estudos, como o artigo “Los conflictos del agua en la Comunidad de Madrid” publicado no periódico Arbor, analisam as polêmicas e protestos surgidos em resposta às políticas de privatização e à gestão do abastecimento de água na região. Esses conflitos destacam a importância do acesso à água como um direito humano e os desafios associados à privatização e à governança da água.

As mudanças climáticas têm afetado significativamente a disponibilidade e a gestão dos recursos hídricos na Espanha. Relatórios e estudos acadêmicos, como o “Informe de Evaluación de los Impactos del Cambio Climático en España” do Ministério para a Transição Ecológica e do Reto Demográfico, identificam fenômenos como o aumento da temperatura, a diminuição das chuvas e a intensificação de eventos climáticos extremos. Esses fenômenos têm impactado diferentes regiões do país, especialmente no sul da Espanha e nas ilhas Canárias, onde secas prolongadas têm sido observadas, levando à escassez de água e impactando a agricultura, os ecossistemas e o abastecimento humano. Além disso, a elevação do nível do mar ameaça a intrusão salina em estuários e aquíferos costeiros, colocando em risco a disponibilidade de água doce nessas áreas.Projeções científicas apontam para desafios adicionais relacionados à água devido às mudanças climáticas futuras na Espanha. Estudos, como o “Estudio de impacto económico del cambio climático en España” do Instituto para la Diversificación y Ahorro de la Energía (IDAE), indicam que as projeções climáticas futuras incluem aumento das temperaturas, diminuição das precipitações e maior frequência de eventos extremos, como secas e inundações. Esses fenômenos tendem a afetar várias regiões do país, com impactos significativos na disponibilidade de água, no setor agrícola, no abastecimento urbano e nos ecossistemas aquáticos. Áreas vulneráveis, como o sul da Espanha e as ilhas Canárias, podem enfrentar desafios ainda maiores no futuro devido à previsão de maior escassez hídrica. Projeções também indicam a necessidade de adaptação e gestão sustentável dos recursos hídricos, incluindo o desenvolvimento de estratégias de conservação, eficiência no uso da água e investimentos em infraestrutura para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.

Água e Inteligência na Espanha

O sistema de inteligência da Espanha é composto por várias instituições, como o Centro Nacional de Inteligencia (CNI) e o Centro de Inteligencia contra el Terrorismo y el Crimen Organizado (CITCO). A legislação que respalda essas instituições inclui a Lei Orgânica 2/2002, que regula o CNI, e a Lei 2/2015, que estabelece o quadro de ação do CITCO. Em termos de preparação para as mudanças climáticas e questões relacionadas à água, a Espanha tem adotado medidas significativas. Segundo o “Informe de Evaluación de los Impactos del Cambio Climático en España” do Ministério para a Transição Ecológica e do Reto Demográfico, o país está implementando estratégias de adaptação para enfrentar os desafios decorrentes das mudanças climáticas. Isso inclui a promoção de planos de gestão de recursos hídricos, o desenvolvimento de infraestruturas de armazenamento de água e o fortalecimento da capacidade de previsão e resposta a eventos climáticos extremos. Além disso, a Espanha está comprometida com a promoção da eficiência no uso da água, a conservação dos ecossistemas aquáticos e a implementação de políticas de gestão integrada dos recursos hídricos, visando garantir uma resposta adaptativa adequada aos impactos das mudanças climáticas.

Lucas Tonaco – secretário de Comunicação da FNU, dirigente do Sindágua-MG, acadêmico em Antropologia Social e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

 

 

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