A falta de água em diversos bairros de Belo Horizonte, Contagem e outros municípios da Região Metropolitana, agravada durante a forte onda de calor, é um dos reflexos da temerária gestão privatista da Copasa, que deliberadamente impõe o sucateamento operacional da empresa e o avanço da terceirização, comprometendo a qualidade dos serviços, para facilitar a sua venda, em flagrante desrespeito às necessidades da população.
O desprezo da direção da Copasa pelo povo mineiro ficou mais uma vez evidente na terça-feira (21/11), quando o presidente da empresa se recusou a receber a comitiva formada por deputadas estaduais e lideranças comunitárias, que esteve na sede regional, no bairro Santo Antônio, para pedir esclarecimentos sobre o desabastecimento em diversas localidades da Grande BH e cobrar por que não foi colocado em prática o plano de contingenciamento para evitar a escassez de água.
Relatos de moradores apontaram que alguns locais estavam sem água havia 15 dias. “Não tem água nem para as necessidades básicas, como tomar banho, escovar os dentes, dar descarga num vaso. Estamos sem água e isso não pode continuar”, disse uma liderança comunitária. O grupo era formado por representantes de diversos bairros que ficaram sem água, como Morro das Pedras, Aparecida, Jardim Alvorada, Liberdade e Vale do Jatobá, em Belo Horizonte; Ipê Amarelo, Nova Contagem, Renascer, Tupã, Vila Esperança, Pantanal e Estaleiro, em Contagem, além de Ribeirão das Neves e Justinópolis.
Liderado pelas deputadas Bella Gonçalves e Andreia de Jesus, da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, além da vereadora em Contagem Moara Saboia, o grupo foi barrado na portaria da sede da Copasa e esperou mais de uma hora para ser recebido, graças à insistência das parlamentares, que ressaltaram que são “autoridades públicas fiscalizadoras do Poder Executivo”. Mesmo assim, só conseguiram se reunir com o “segundo escalão” da direção da Copasa, e não com o presidente, como haviam solicitado em ofícios enviados à empresa.
As deputadas e lideranças comunitárias constataram, na reunião, que houve negligência da empresa, diante da forte onda de calor, ao não adotar o plano de contingenciamento para garantir rodízio entre os bairros para garantir o fornecimento de água. “Se hoje está faltando água, colocando a vida das pessoas em risco, nesta onda de calor, imagina se a água for tratada como mercadoria, privatizada. Não à privatização da Copasa, e sim ao fornecimento de água como direito humano”, afirmou Bella Gonçalves.
A direção do SINDÁGUA acompanhou a mobilização na portaria da Copasa. Para o diretor do Sindicato José Geraldo do Nascimento, a Copasa não tem feito os investimentos necessários, principalmente para atender as populações da periferia, mas não há motivos para faltar água. “O objetivo do governo Zema é sucatear a Copasa e piorar o serviço, para jogar a população contra a empresa e facilitar seu plano de privatização.”

Fonte: Ascom Sindágua-MG