Hoje (12/07) em São Paulo, a Eletrobras organizou seu “Investor Day”. O evento foi o primeiro depois da privatização da empresa, consolidada há um ano.

O Investor Day apresentou aos acionistas, jornalistas e analistas de mercado a estratégia da empresa de energia para os próximos anos.

 

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Pinto Jr, anunciou o projeto de descarbonizacão da produção de energia. O processo vai incluir a venda/fechamento das usinas térmicas da empresa situadas nos Estados do Rio de Janeiro, Amazonas e Rio Grande do Sul.

Mais de 95% da base produtiva da Eletrobras é renovável, no entanto as usinas térmicas (a carvão e gás natural) são consideradas importantes para a segurança energética principalmente nos períodos de crise hídrica.

Está em curso a Ação Direta de Inconstitucionalidade 7385 impetrada pela AGU e pelo Presidente Lula para garantir o direito de voto proporcional aos 43% de ações que o governo federal tem na Eletrobras.

Na contramão de uma suposta descarbonização da produção de energia, na mesma MP que privatizou a Eletrobras foi incluída a contratação de novas usinas térmicas.

Mais uma contradição dentro do processo de lesa-pátria que foi a privatização da Eletrobras.

O efeito da venda das usinas térmicas será devastador. Desemprego, enfraquecimento de economias regionais e maior risco da segurança energética no Brasil.

A possibilidade do fechamento da Usina de Candiota/RS, pertencente à subsidiária CGTEletrosul, por exemplo, terá um impacto econômico e social em seis municípios da região mais pobre do Rio Grande do Sul, com o fechamento de mais de 15 mil postos de trabalho.

No Amazonas o desmonte pode ser ainda maior. O objetivo é vender todas as Usinas da capital amazonense. As usinas de Maua e Aparecida, o complexo de PIES (produtores independentes), Usinas Járaqui, Tambaqui, Cristiano Rocha, Ponta Negra, Manauara e Projeto Rio Negro todas localizadas em Manaus. No interior do Amazonas, o objetivo é entregar o Complexo de usinas a Gás, Anamã, Caapiranga, Codajas e Anori, que totalizam 2059 MW de potência instalada. Os projetos de venda das usinas não estabelecem nenhum critério de garantia e colocam em risco a segurança energética do Amazonas.

No Rio de Janeiro a Usina de Santa Cruz, que pertence a Furnas, foi modernizada recentemente. A implantação do ciclo combinado adicionou mais 150 MW aos 350 MW gerados atualmente pela térmica, sem consumo extra de combustível e nenhum acréscimo na emissão de gás carbônico. O empreendimento trouxe significativa redução no Custo Variável Unitário (CVU) da usina, tornando-a mais competitiva na comercialização de energia despachada pelo ONS. Mas nada disso demove a sanha de venda desenfreada da Eletrobras.

Organizados no Coletivo Nacional dos Eletricitários, os trabalhadores denunciaram e exigiram que a Eletrobras suspenda qualquer alienação de patrimônio até que seja julgada a ADI 7385 pelo STF.

O ato de hoje contou com a presença de Sindicatos, CUT e integrantes do MAB e da Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia.

Fonte: Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia