Em recente entrevista ao Programa Roda Viva, da TV Cultura, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, abordou o tema da desvalorização das ações da Eletrobrás privatizada. “A empresa está dando prejuízo, os dirigentes tiveram reajustes de 3000%, o custo financeiro está em 78% e principalmente os reservatórios estão cheios e o preço da energia diminui”, disse Mercadante na ocasião.

Mercadante aludia ao fato de que, privatizada pelo governo Jair Bolsonaro, a empresa encerrou o primeiro trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 406 milhões. Isso representa uma queda de 85% ante o apurado no mesmo intervalo do ano passado.

Em meio aos rombos, a Eletrobrás pretende reservar R$ 88,1 milhões para a remuneração de diretores e conselheiros em 2023 — o montante é 8 vezes maior que o pago no ano anterior, de R$ 10,9 milhões. Os valores incluem o aumento de até 3.576% na remuneração da alta cúpula da Eletrobrás, aprovado em assembleia no final de 2022, e uma nova proposta de bonificação e remuneração por ações.

Esse conjunto de fatores levou, no ano, as ações ordinárias da companhia a despencarem 20,4% e as preferenciais classe B, 12,2%.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem criticado a privatização da Eletrobrás de forma recorrente. Em março, ele declarou, em entrevista à TV 247, que “o governo vai voltar a ser dono da Eletrobrás” e que a privatização foi “um crime de lesa-pátria”.

No início de maio, Lula e a AGU ingressaram no STF com a Ação Direta de Inconstitucionalidade 7385. O objetivo da ação é regularizar o poder de voto da União na empresa, já que hoje o Estado Brasileiro detém 43% das ações da Eletrobrás e vota somente com 10%.

Fonte: Site Brasil 247