Eu vejo o medo nos olhos das pessoas”, diz Clecia, diarista que não segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de isolamento social para se prevenir contra o novo coronavírus porque ficou num dilema comum aos trabalhadores mais pobres: morrer de fome ou de Covid-19.

Optou por se arriscar a contrair o vírus já que a ajuda do governo de Jair Bolsonaro ou não vem ou quando é liberada não dá para comprar alimentos e pagar despesas básicas como aluguel, luz e água. São trabalhadoras que, apesar de muitos anos dando duro nas mesmas casas, foram abandonadas pelas patroas.

Os relatos das entrevistadas pelo PortalCUT são quase idênticos: “Minhas clientes me dispensaram depois de 15 anos, e não pagam para eu ficar em casa, conta Maria. “Fico longe da minha família 25 dias, para cuidar de uma senhora idosa. Só vou pra casa para deixar compras”, relata Monica.

Clecia, Maria e Monica fazem parte de um contingente de milhões de trabalhadores e trabalhadoras que mais sofrem com as consequências sanitárias e econômicas da pandemia no Brasil. São trabalhadoras, chefes de família, que contribuem com a geração de riqueza do país e que, no momento, mais precisam do Auxílio Emergencial de R$ 600, aprovado em março no Congresso Nacional para ser pago pelo governo, mas que ainda não foi liberado. Precisam também da empatia que a maioria dos patrões não tem. Na falta de tudo isso foram deixadas à própria sorte, como seres invisíveis, descartáveis, substituíveis quando a pandemia passar.

Coincidentemente, todas são chefes de família, divorciadas ou separadas, que criaram, e ainda criam seus filhos sozinhas, sem o amparo da sociedade e do governo.

Clecia de Oliveira Santos, 46 anos, divorciada, mãe de uma adolescente de 15 anos, sai da casa, em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, de segunda a sexta, às quatro da manhã. Pega ônibus, trem e metrô para, três horas depois, chegar às casas dos “clientes”, no Jardim Europa, bairro nobre da capital.

Esse percurso é feito duas vezes na semana. Em outros dois dias, as três conduções a levam até a Vila Olímpia, na zona sul, bairro de classe média alta. E para completar a semana, num único dia, vai a Santo Amaro, também na zona sul.  Entre ida e volta são cinco horas em média dentro do transporte público para atender três clientes que a fazem trabalhar todos os dias da semana para ganhar R$ 170,00 por faxina.

Para ler a matéria completa da jornalista Rosely Rocha, no site da CUT, clique no link abaixo.

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