artigo: Luiz Cláudio Alexandre dos Santos*

A Ceal foi fundada e nem era uma empresa mesmo, atuante e presente, era um sonho, uma ideia.

Maceió, a maior e mais importante cidade do estado, contava com uma empresa privada, a Força e Luz. O sistema elétrico de Alagoas até o início dos anos 60 concentrado na Capital, engatinhava nas demais regiões do Estado.

É bem verdade que o Sistema Elétrico Nacional e do Nordeste devem ao interior de Alagoas, pois Angiquinho, a pequenina Usina encravada nos paredões rochosos do Canyon do São Francisco, é a mãe de todo o nosso sistema elétricos públicos.

Quando a “Força e Luz” de Maceió foi encampada, ou seja, estatizada, dando lugar à Companhia de Eletricidade de toda Alagoas, de todos os alagoanos, a Ceal, o sonho começou a virar realidade.

Bem mais adiante, durante os governos democráticos-populares de Lula e Dilma, alcançamos praticamente a universalização do serviço público de eletricidade em Alagoas.

Eu lembro bem da fala de Marcelo Florêncio nos idos de 1997 em uma audiência pública na
Assembleia Legislativa de Alagoas, falando dos imensos potenciais desse nosso estado: densidade demográfica altíssima, hidrografia privilegiada, povoamento de todas as regiões do Estado, potencial agrícola e industrial demonstrado e provado.

Eu digo não! Nem os 500 milhões prometidos como investimento, tampouco os R$ 50 mil dinheiros pagos como preço, são capazes de remunerar o investimento, a ideia, o patrimônio.

A Ceal vale mais, bem mais que meio bilhão de reais: a Ceal não tem preço. Portanto, não poderia ser vendida.

Os trabalhadores e trabalhadoras da Ceal, aposentados e ativos, erigiram para a comunidade e mediante a paga que o povo destinou à empresa, um grande empreendimento. O governo central e o povo brasileiro colaboraram.

A Ceal não é só a maior empresa pública alagoana, mas a maior empresa do estado, entre todas. Ela, a Ceal, somos nós. Nós, os trabalhadores e trabalhadoras, nós, o povo. E se nós não estamos à venda, tampouco ela.

O governo ilegítimo e criminoso do atual e futuro ex-presidente golpista Temer, não podia e nem pode ter praticado mais esse crime contra o país e contra o nosso estado, que sequer recebeu o preço total de 1997, quando se deu a federalização da Ceal.

Vamos continuar resistindo e lutando. E, se um dia sonhamos que teríamos uma empresa pública, capaz de levar luz e energia para todos os lares, todos os estabelecimentos comerciais e industriais, nós continuaremos sonhando. Sonhamos e continuaremos lutando, pois aquilo que é de todos e todas, jamais poderia ser de alguns.

*Luiz Cláudio Alexandre dos Santos – Advogado do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas – Stiu-AL

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