O alerta sobre o grave risco de colapso no abastecimento de água em Belo Horizonte e na Região Metropolitana, caso aconteça o rompimento de uma das barragens existentes no entorno da capital, foi um dos pontos discutidos na plenária “Água não é mercadoria”, realizada na última sexta-feira (22 de março). O evento, promovido pela CUT-MG em parceria com o SINDÁGUA, celebrou o Dia Mundial da Água.

A advertência foi feita pelo presidente do Instituto Fórum Permanente do São Francisco, Euler de Carvalho Cruz, um dos convidados da plenária. “Belo Horizonte é sitiada por barragens. Hoje temos 63 barragens de rejeitos no Rio das Velhas. Em caso de chuvas intensas, pode haver rompimento, e vamos perder 70% do abastecimento de BH e 50% na Região Metropolitana. A situação é gravíssima e temos lutado contra essas barragens”, afirmou.

Outro aspecto, segundo ele, são as mudanças climáticas, um motivo a mais para combater a privatização da água. “Dois fenômenos estão ocorrendo no mundo inteiro, que são a seca e as chuvas intensas. As mudanças climáticas são inegáveis, as águas estão secando, os aquíferos estão sumindo. Estamos caminhando para um clima desértico. Num contexto de falta de água, se a Copasa for vendida, a empresa privada vai garantir o abastecimento?”, questionou Euler de Carvalho. “Já fomos considerados a caixa d’água do Brasil.”

Cristina Maria, do SOS Vargem das Flores, relembrou a luta travada em Contagem pela preservação da represa, importante reservatório para o abastecimento de água na Região Metropolitana. “A luta pela água tem que ser radicalizada, pois a privatização dos serviços de saneamento leva junto as fontes de água. Em Contagem, tivemos um grande enfrentamento, uma guerra pela água, durante sete anos, contra a implantação de um Plano Diretor com forte impacto para Vargem das Flores. Conseguimos derrubá-lo e incluir instrumentos para preservar a represa.”

O presidente da CUT-MG, Jairo Nogueira, salientou que a falta de água em Belo Horizonte e Região Metropolitana já é uma realidade, atingindo as periferias. “Fico preocupado com a informação de que fomos uma caixa d’água e ela está secando. O que se usa de água na mineração e no agronegócio é espantoso. São eles, que têm endereço e CNPJ, que levam nossa água embora, com apoio do governo estadual.”

O presidente do SINDÁGUA e secretário do Meio Ambiente da CUT-MG, Eduardo Pereira, ressaltou a importância da plenária, que aprofundou o debate sobre a importância da água e os riscos da privatização dos serviços essenciais. “Temos que entender o valor da água e conscientizar a população sobre isso, mostrando que a privatização do saneamento não deu certo em lugar nenhum.”

Fonte: Ascom Sindágua-MG