Cerca de 25% das subestações de Furnas foram danificadas durante a última onda de calor que atingiu diferentes partes do país. Um documento interno da subsidiária da Eletrobras obtido pela BandNews FM mostra que, das 20 estruturas que tiveram problemas, duas registraram corte no fornecimento de energia.

Durante o período de calor extremo, 18 cidades do interior do Rio de Janeiro sofreram com falta de luz. A interrupção do serviço durou quase três horas no noroeste fluminense. Segundo a Enel, concessionária responsável pelo abastecimento da região, o problema foi causado por fator externo: a explosão de um transformador na subestação Campos.

O professor da UFRJ e diretor do Instituto Ilumina, Renato Queiroz, fala sobre a necessidade de manutenção periódica.

“É preciso ter manutenção periódica – com pessoal qualificado – além de saber se os equipamentos possuem fissuras, por conta das descargas parciais que eles recebem ao longo das operações. Se eles estiverem com problemas, eu preciso trocá-los.”

A BandNews FM também teve acesso ao relato de um operador da subestação, que afirmou que ainda houve desarme da Usina de Campos, interligada à subestação. Ele relatou que a estrutura é desassistida e que quando é necessário algum reparo no local, há desfalques na subestação.

Ainda durante a onda de calor no mês de novembro, houve princípio de incêndio na subestação de Furnas Angra. Problemas na distribuição de energia também foram registrados na Costa Verde fluminense.

Das 20 subestações listadas no relatório, ao menos 18 operam acima de sua vida útil.

Os períodos de calor extremo no país nos últimos meses levaram o Operador Nacional do Sistema (ONS) a fazer diversos alertas sobre sobrecarga no sistema elétrico brasileiro. Apenas em outubro, a carga de energia do Sistema Nacional Interligado (SIN) foi de 78.375 MW médios, um crescimento de 7,5% ante mesmo período em 2022.

O professor da UFRJ Renato Queiroz pondera que os equipamentos são preparados para grandes temperaturas.

“Esses equipamentos muitas vezes, são importados. Eles já são calculados para grande temperaturas”.

Aos acionistas, a Eletrobras afirmou que fará uma assembleia para deliberar sobre a incorporação de Furnas à empresa. A gigante elétrica defende a “otimização tributária” com o movimento.

A companhia passa por um momento de remodelagem com lançamentos de sucessivos Planos de Demissão Voluntária (PDV). A cúpula da elétrica espera chegar ao fim do ano com 7.250 funcionários.

À BandNews FM, Furnas afirmou que o alto consumo de energia leva os equipamentos elétricos a operar em condições mais próximas de seus limites, o que, associado às temperaturas mais elevadas, submete-os a estresses térmicos excessivos.

“Tal situação ocasionou falhas em 20 equipamentos, que representam um percentual ínfimo diante dos cerca de 61 mil existentes nas subestações da Eletrobras”, completa a nota.

Fonte: Jornalista João Videira, BandNews