A Copasa recorreu mais uma vez à emissão de debêntures, agora no valor de R$ 900 milhões.
Tal procedimento traz de imediato uma preocupação de longo prazo, diante de uma perspectiva de construção de uma dívida extraordinária, adquirida agora com juros altíssimos para prazo fixo, representando um severo prejuízo no momento do acerto de contas. Hoje, por exemplo, vivemos debaixo de uma escandalosa taxa da Selic de 13,75%, com forte pressão para que seja rigorosamente reduzida e reflita uma condição inflacionária de 3%. O resultado imediato é de emitir papeis de altíssimo valor para resgate futuro quando os juros estiverem muito abaixo, contratando uma dívida gigantesca.
A empresa vem sendo administrada com um foco extraordinário em operações financeiras, como se fosse um banco, e deixando de lado seu objetivo operacional para expansão dos serviços essenciais de saneamento.
A gestão financeira da empresa lança debêntures não para fazer investimentos que gerem a expansão operacional e perspectiva de maior arrecadação com prestação de serviços, mas para pagar acerto de programa de desligamento (PDVI) e repetir escandalosa distribuição de dividendos como fez recentemente premiando acionistas com “dinheiro de empréstimos”.
Infelizmente, temos com a lógica do sucateamento para facilitar a privatização uma política de “terra arrasada”, sabotando o compromisso exigido pela própria Constituição mineira de responsabilidade com o saneamento e responsabilidade com a saúde pública.
Os acionistas que se locupletam com rendimentos tirados de cartola financeira poderão ser penalizados com o desmanche operacional da empresa, sobretudo a população que precisa do serviço essencial de saneamento universalizado, como direito de todos.