Eles denunciam que “os grupos que deram calote na Americanas são os mesmos que controlam de fato a Eletrobrás”

A Associação dos Empregados da Eletrobrás (AEEL) divulgou uma nota à imprensa na sexta-feira (27) denunciando que os grupos que deram calote na Americanas são os mesmos que controlam de fato a Eletrobrás.

AMERICANAS E ELETROBRÁS

A divulgação da nota foi motivada “diante da necessidade de mostrar para a sociedade o grande número de fundos internacionais com ações simultâneas da Eletrobrás e da Americanas e os riscos interpostos para todos nós em função de práticas de gestão temerária da 3G”, dizem os empregados da empresa de energia.

“A recuperação judicial e os indícios contundentes de fraudes capitaneadas pelos três bilionários donos da Americanas deveriam promover profundas reflexões aos acionistas, banco e as instituições de Estado sobre os riscos interpostos na Eletrobrás”, alerta a entidade.

“Em relação às fraudes, somos solidários aos grandes críticos do modus operandi da 3G, sejam grandes credores, como BTG, BNDES, BB, Itaú, Bradesco, BNDES, que tiveram que ler uma carta ofensiva e irônica escrita pelo trio no fim de semana (eximindo-se de responsabilidade), sejam pequenos credores, investidores, fornecedores. Na condição de associação de empregados, somos solidários aos milhares de empregados da Americanas, vilipendiados por uma gestão torpe e antiética”, prossegue a nota.

A AEEL é categórica e dá o seu alerta: a mesma 3G da Americanas manda e desmanda na empresa Eletrobrás!

3G MANDA E DESMANDA NA ELETROBRÁS

“Após a capitalização da Eletrobrás, a 3G capitaneou a formação de uma chapa única ao Conselho de Administração, que demonstra cabalmente um acordo de acionistas para, simplesmente, definir o CA, responsável por todas as decisões estratégicas, conforme o estatuto social da companhia. No “Acordão”, Paulo Guedes e o ministro Bento Albuquerque, do MME, nomearam Marcelo de Siqueira e Marisete Dadald, seus braços direitos dentro da chapa, demonstrando como o governo fascista participou deste conluio”, denunciou.

“Com o perdão da palavra, seria uma demonstração de “cegueira e omissão” se as instituições de Estado, com os novos quadros nomeados em 2023, não se posicionarem sobre os atos lesivos ao erário em função da esterilização das ações da União e os riscos de serem impactados por decisões de terceiros”, diz a AEEL.

“A União tem 43% das ações e só 10% de poder de voto (1 ação, 0,23 voto), se comparado a um investidor privado que tenha até 10% das ações ordinárias (1 ação, 1 voto), o que faz com que a União seja um acionista de “quarta categoria” pois seu voto vale menos que ¼ dos demais, operação esta que não encontra amparo em nenhum dos mercados de capitais, tamanha a forma grotesca que vilipendia os bens e direitos da União” prosseguem os funcionários.

“Fazendo um paralelo”, diz a AEEL, “a União, na Eletrobrás, é uma “Rainha da Inglaterra na hora de votar” e o “maior devedor no caso de uma recuperação judicial”. Acreditamos que nem nos países mais atrasados do mundo, o Estado é um mero telespectador de decisões de terceiros sobre o seu patrimônio, capaz de deixar o país as escuras. TCU e AGU: não dá para cruzar os braços!”

“Não dá para o TCU pedir para União rever a questão dos leilões de térmicas enquanto o mais grave da lei da privatização não foram os jabutis, e sim, o assalto a maior empresa de energia elétrica da América Latina!”, assinalam os empregados da Eletrobrás.

A AEEL adverte que “a 3G na Eletrobrás segue a mesma linha da Americanas: um preferencialista no papel que exerce o papel de grande ordinarista de fato. Hoje, a 3G é mais influente que o próprio presidente do CA. Esta é a posição mais confortável para quem quer se livrar dos riscos de gestão: manda de fato (sem ter as responsabilidades e riscos de quem manda no papel) e tem o direito de preferência garantido. Seria genial se não fosse trágico e criminoso. CVM: não dá para cruzar os braços!”

ESTADO LETÁRGICO

“Lembramos que Wilson Ferreira Pinto, CEO, no pouco tempo que esteve na VIBRA, antiga BR Distribuidora, deu de bandeja à Americanas uma parceria nas lojas de conveniência de milhares de postos. Enquanto o Estado é letárgico em defender a Eletrobrás, a Vibra em uma semana já cancelou sua parceria com a Americanas”, prosseguem os signatários da nota.

“Porém, a Americanas derreteu riqueza de gigantes globais. Os três magnatas que “sonham grande” e “ensinam” nos seus livros a “pedalar o pagamento de fornecedores”, perderam o “toque de Midas” (aquele que transforma tudo em ouro) para mostrarem sua verdadeira face de “olhos da Medusa” (transformam tudo em pedra, que vira pó)” denuncia a AEEL.

“A Americanas, além de lesar os brasileiros, ferrou acionistas como os velhinhos de fundos de pensão do Alaska, Arizona, Quebec, California, Los Angeles, New York, Philadelphia, Florida, Los Angeles, Austrália, Chicago, Novo México, Ohio, Minnesota, New Jersey, Wyoming, Texas, Utah, Washington, dentre outros”, prossegue e nota.

“A Americanas também ferrou fundos gigantes como Abu Dhabi, Bellsouth, Blackrock, Deutsche Asset, Banco Central Europeu, Banco Popular da China, Banco de Custódia Japonês, Fidelity, Franklin Templeton, Goldman Sachs, Fundo Monetário Internacional, Ishares, John Hancock, Legal & General, State Street, The Bank of New York Mellon, Autoridade Monetária de Singapura, Wells Fargo, dentre outros”, denuncia a AEEL.

O autores da nota denunciam que a quebra da Americanas “é um assunto de política internacional, afetando imagem do Brasil!”

Fonte: A Hora do Povo