Durante o TH Entrevista desta semana, a presidente dos Urbanitários de Alagoas, Dafne Orion, conversou com a repórter Thayanne Magalhães sobre a luta do sindicato contra as privatizações que vêm acontecendo no Brasil nos últimos anos.

“O sindicato vem travando uma luta de mais de 20 anos contra a privatização da Ceal [Companhia Energética de Alagoas]. Sempre defendemos uma empresa pública com qualidade de serviço. Sendo um setor estratégico, entendemos que é preciso que o poder público garanta esse serviço para todos, sejam pobres ou ricos, sejam urbanos ou rurais. Empresa privada só visa lucro e só investe onde há retorno financeiro, a questão social não é levada em consideração”, afirmou.

Dafne falou ainda sobre a privatização da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal). “O acesso à água ficará ainda mais difícil para os alagoanos, especialmente os mais carentes, após o governo privatizar a água do Estado, entregando as regiões do Agreste, Sertão, Zona da Mata e Litoral ao capital privado. A universalização dos serviços de abastecimento e saneamento agora ficará apenas nos discursos políticos, pois na prática o que os alagoanos vão ter é tarifas mais caras, piora na qualidade dos serviços e falta de água para os mais pobres”, opinou.

A presidente destaca que as reclamações contra a BRK, empresa privada que assumiu a distribuição de água e o esgotamento, aumentam a cada dia. “As reclamações contra a Equatorial, que controla a distribuição de energia, são as mesmas”, disse.

Dafne ressaltou que é importante lembrar que essa privatização da água só foi possível após a aprovação da Lei nº 14.026/2020, pelo governo Bolsonaro, que atualizou o marco legal do saneamento, sufocando as empresas estaduais de saneamento e empurrando, goela abaixo, a privatização de todo o sistema.

“O sindicato fiscalizará essa privatização, especialmente observando como ficará a situação dos povoados, com populações pequenas, que estão fora do atendimento da empresa privada. O edital aprovado retirou esses pequenos povoados da obrigação da concessionária privada, mas não diz quem irá atendê-los”, explica.

A presidente dos Urbanitários destacou ainda que, outra preocupação é com a tarifa da zona rural, pois, nas regiões do Sertão em especial, a pobreza é grande e a população não tem recursos necessários para pagar as altas tarifas cobradas por empresas privadas, que somente fazem o fornecimento a quem pode pagar, não tendo qualquer compromisso social.

“O futuro da Casal e dos seus trabalhadores também será objeto de constante acompanhamento. O sindicato irá buscar as garantias de que a companhia permaneça viável e prestando o serviço conforme previsto no edital de privatização”, garantiu.

“Todo esse processo será acompanhado de perto, cobrando das empresas vencedoras, do poder público e dos órgãos de fiscalização o fiel cumprimento do que foi previsto no edital, para que a população possa ter um serviço de qualidade e acessível a todos”, continuou.

Durante a entrevista, Dafne Orion também criticou a possibilidade de privatização dos Correios.