Oferecida como garantia para que o acordo de recuperação fiscal do Rio de Janeiro, a Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae) teve definido o custo da água para após o processo de privatização. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou na última sexta-feira (4) que o metro cúbico será de R$ 1,70 para o consumidor.

O valor é acima do que o banco havia proposto inicialmente, de R$ 1,43, e será aplicado nos quatro primeiros anos de concessão. Após esse período, a tarifa passa para R$ 1,63 o metro cúbico. Com a decisão acordada entre o BNDES e o Governo do Rio, o edital para a privatização das etapas de distribuição, coleta e tratamento de esgoto sai no próximo dia 18.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos de Niterói e Região (Sindagua-RJ), Ary Girota, o valor da tarifa foi estabelecida pelo BNDES “sem o menor critério”, por não ter levado em conta as particularidades de cada estação de tratamento (ETA).

“O BNDES encontrou um economista que fez considerações sob a ótica da economia, mas da academia, de livros que não levam em conta a complexidade que envolve a produção de água. A ETA Guandu, por exemplo, não tem comparação com a complexidade da produção de água na ETA Laranjal”, argumenta o trabalhador.

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Segundo Girota, o BNDES não prevê que municípios superavitários subsidiam, na política atual da estatal, os municípios fluminenses que sequer conseguem cobrir os custos de produção de água. Ele critica o processo de concessão que está criando “atravessadores”, já que a etapa mais custosa continuará nas mãos do estado, enquanto as demais etapas serão transferidas para a iniciativa privada.

“Se esse edital foi adiante, estaremos assistindo à institucionalização da figura do atravessador, porque hoje a Cedae capta, trata, distribui, ela tem um ciclo fechado. Quando se divide e se cria o consórcio, está sendo criados os atravessadores que vão comprar água da Cedae por um valor barato e vender caro para o consumidor”, assinala Girota.

Crises

Em 2020, a companhia passou por duas graves crises. A primeira ocorreu em janeiro, quando foi detectada na água tratada uma substância química orgânica conhecida como geosmina. A segunda crise vem correndo já há duas semanas, quando motores da elevatória do Lameirão deixaram de funcionar, comprometendo o abastecimento de água para mais de 1 milhão de pessoas.

“Os reparos que estão em andamento na Elevatória do Lameirão permitirão que a unidade volte a operar com 100% de sua capacidade até o dia 20/12. (…) Se você possui sistema de reserva interna (cisterna e/ou caixa d’água), utilize a água armazenada somente para tarefas essenciais”, afirma a Cedae em nota publicada em seu site.

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Edição: Mariana Pitasse- Brasil de Fato