Leia o informe da Aeel – Associação dos Empregados da Eletrobras:

 A cultura que precisa mudar e a do assédio moral e do menosprezo aos trabalhadores e trabalhadoras da Eletrobras!

Em evento promovido pelo banco Credit Suisse, terça-feira 29/01, em São Paulo, o presidente da Eletrobras senhor Wilson Pinto Junior voltou a menosprezar e denegrir o corpo funcional da Eletrobras como tem feito desde o início de sua gestão (clique aqui para acessar a entrevista).

A AEEL e os Sindicatos que compõem as Entidades de Representação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Eletrobras repudia veementemente as declarações do senhor Wilson Pinto Junior que promovem o embate negativo entre os trabalhadores e trabalhadoras com maior grau de conhecimento e experiência do Setor e aqueles que pela curta trajetória ainda estão adquirindo conhecimento e experiência.

Sobre as declarações, a AEEL e Sindicatos tecem os seguintes comentários:

A história do Setor Elétrico Brasileiro se divide em dois momentos: antes e depois da Eletrobras. Antes tínhamos um mapa de escuridão e carência energética, depois abrem-se as portas para o desenvolvimento e integração energética em todo território nacional.

Nos últimos 2 anos, temos um presidente que se comporta como um alienígena, que não conhece e nem sabe do que a Eletrobras é feita. Não conhece o espírito e nem a cultura da Empresa. Para ele a Eletrobras está limitada às ações comercializadas na bolsa, aos acionistas e outros especuladores. Ele não consegue vibrar na mesma frequência da cultura organizacional. Quando ele chegou a Eletrobras já tinha mais de 50 anos, uma

empresa pública, berço de excelentes profissionais que contribuíram e continuam contribuindo na construção do Setor Elétrico.

Quem é o Sr. Wilson Pinto para falar em meta pessoal para mudar a cultura organizacional da Eletrobras? Falta-lhe estatura ética e moral para isso.

Até julho de 2016, quando começou a atual gestão, a cultura organizacional da Eletrobras sempre foi de valorização e respeito às pessoas. Desde então, o quadro de pessoal da Eletrobras, vem sendo sucateado. O Sr. Wilson Pinto Júnior promove planos de demissão voluntária negligenciando o repasse do conhecimento e a recomposição das posições críticas – uma irresponsabilidade que trará graves consequências ao setor num futuro próximo.

Se o Sistema Eletrobras fosse uma organização desprovida de especificidades e complexidades, com produtos e serviços encontrados em qualquer prateleira, talvez as medidas se justificassem, mas não é! O Centro de Serviços Compartilhados implantado pelo Sr. Pinto Júnior e sua parceira Roland Berger representa a maior enganação verificada no Setor Elétrico.

Quando fala sobre capitalização, nos dá a entender que está como preposto dos especuladores e rentistas e que veio para Eletrobras com o objetivo de vendê-la “a preço de banana”, dentro de modelo espúrio de saque aos bolsos dos consumidores em prol de grupos de acionistas minoritários e oportunistas. Seguindo essa visão, não custa lembrar que em Brumadinho houve crime humanitário e ambiental e neste processo de capitalização da Eletrobras haverá crime contra a economia e contra os consumidores.

Quando o assunto gira em torno de um suposto eventual follow on, o presidente da Eletrobras brinca com a cara da sociedade brasileira e despreza a inteligência dos membros do Governo e dos técnicos do MME! A descotização proposta por ele arrecadará míseros R$ 12 bilhões, fará os consumidores pagar novamente por uma energia já amortizada, além das indenizações assumidas a partir da MP-579/12, será um verdadeiro assalto à luz do dia.

E ao falar sobre a sua estratégia de capitalização da Eletrobras, apresentando uma equação simplória, onde os consumidores residenciais, comerciais e industriais suportaram uma conta altíssima em troca de nada, o Sr. Wilson Pinto Júnior se veste de gênio da lâmpada para os acionistas minoritários e chama todas as outras partes interessadas de otários e imbecis.

No tópico sobre Angra 3, surge o oportunismo em busca da confirmação no cargo! Desde que chegou à Eletrobras, o Sr. Wilson Pinto Junior nunca deu a menor bola para a Eletronuclear. Sempre foi um crítico e nunca moveu uma palha para buscar soluções para a retomada de Angra 3 – todas as paredes da Eletrobras e da Eletronuclear sabem disso. Com a chegada de um ministro almirante e ligado ao programa nuclear brasileiro, tornou-se um fã e defensor ferrenho da energia nuclear, potencializando sua radioatividade.

Com relação à fala sobre investimentos, entendemos que a saúde financeira foi razoável e só piorou a partir da MP-579/12. A empresa perdeu mais de R$ 8 bilhões/ano de receita, mas, mesmo assim, conseguiu se reerguer e cumprir com os seus compromissos. Com a chegada do Sr. Wilson Pinto Júnior a empresa vem perdendo seu vigor e a palavra de ordem tem sido vender, acabar, cortar, desinvestir e capitalizar. O viés meramente financeiro sufocou a pujança empreendedora do Sistema – tudo para validar a lógica perversa da necessidade de privatização.

E ao comentar: “Além das hidrelétricas de Sinop e Belo Monte, há ainda um conjunto de eólicas no Nordeste e o fechamento de ciclo da termelétrica Santa Cruz que precisam ser finalizados. O importante é terminar… porque a empresa passa a ter resultado disso, ao invés de sempre estar atrás de capex, vai ter recursos de opex”, disse.

Na lógica capitalista, usa-se o dinheiro público para terminar os empreendimentos, obtém-se o opex e depois os aliena a preço de banana. Sina da Eletrobras se continuar com um presidente que trabalha contra os interesses da organização e do povo brasileiro.

Falando em contratação de empresas de consultoria, prudente seria o atual ministro solicitar um levantamento de todas as contratações sem licitação feitas por Wilson Pinto Junior na Eletrobras, com o apoio e anuência da Diretoria de Compliance. Ministro, solicite os nomes das empresas, os valores envolvidos, os processos e as dispensas – o senhor se assustará. Conheça também a contratação irregular da FSB Comunicações – uma vergonha, cassada pela Justiça Federal.

Quando o assunto é capacidade financeira da empresa, o lema do senhor Wilson Pinto é vender! Para ele, o mais importante é destruir o Market Share da Eletrobras, rebaixando-a perante o setor e justificar seu plano de privatização controlado, para que o sistema fique nas mãos dos minoritários. O plano é bem simples: reduzir tamanho, vender barato, ficar com geração e transmissão concessões e cotas, descotizar, vender MWh pelo triplo do preço, continuar recebendo indenizações, elevar lucros e massacrar consumidores.

Mas é bom saber que em dois anos de gestão o presidente Wilson Pinto Junior não acrescentou nenhum MW de energia ao Setor Elétrico, nenhum quilômetro de linha de transmissão. Tudo que entregou são de projetos engendrados anteriormente.

É o presidente do Zero para o setor elétrico. Não pregou um prego novo sequer. Pelo contrário, só destrói os ativos da Eletrobras. Ou seja, a valorização é ilusória, não tem contrapartida em ativos, caracterizando uma bolha que pode estourar a qualquer momento e dar um enorme prejuízo a pequenos investidores que não possuem informações privilegiadas.
Outro ponto a destacar é quanto a capitalização, esse processo em si não vai ingressar recursos na Eletrobras, pois o dinheiro será repassado ao Governo para pagar a reoutorga.

Quem vai realmente colocar dinheiro na empresa é o conjunto da sociedade, que vai pagar a descotização, sem nenhuma contrapartida, o que é inconstitucional. Mais uma vez o presidente do Zero. Zero de contrapartida à sociedade.

Para finalizar, aproveitamos a fala inicial do presidente na entrevista, e já que o tema era dar oportunidade para as “pessoas jovens, brilhantes e capazes”, pedimos que ele siga o próprio conselho e vá com seu velho modelo de gestão privatista e mercadológico para longe da Eletrobras.

Veja o informe da Aeel:Informe_014_19_Entrevista_WPJ_Credit_Suisse

#ForaWilsonPintoJr

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