Desde o ano passado, permanece sem resposta oficial o Pedido de Informações formulado com base na Lei de Acesso à Informação, através da assessoria jurídica da Intersul, sobre a fusão entre a Eletrosul e a CGTEE. Reiterando, neste mês, o Sinergia, como acionista minoritário, solicitou o envio de toda a documentação para poder analisar, além dos aspectos econômicos, técnicos e financeiros, os impactos sobre a vida dos trabalhadores.

Sem apresentar justificativa convincente para a falta de resposta oficial, a Eletrosul “convidou” os sindicatos que compõem a Intersul para informar sobre o processo de fusão entre as empresas Eletrosul e CGTEE. Em encontro realizado na Sede, na ultima sexta-feira (18/01), o Presidente Gilberto Eggers, acompanhado pelo Diretor Administrativo e pelo Diretor Financeiro falaram sobre o processo de fusão na presença de dirigentes sindicais da Intersul.

De saída, a empresa através do Diretor Administrativo, anunciou que apenas comunicaria a decisão da gestão Eletrobras de Incorporação da Eletrosul pela CGTEE. De acordo com o DA, esta é uma decisão empresarial da Holding, sobre a qual a Eletrosul não tem como se contrapor. Disse ainda que não se trata de negociar com Sindicatos, e sim cumprir a determinação do Conselho de Administração da Holding.

A postura foi reforçada pelo Presidente Gilberto Eggers, que ressaltou o estudo da consultoria Delloite, contratada para orientar o processo. A decisão é pela incorporação da Eletrosul pela CGTEE, mantendo o CNPJ da CGTEE, modelo de fusão que permite ganhos tributários referentes a um crédito tributário vinculado ao CNPJ da CGTEE. Trata-se, segundo Eggers, de uma “incorporação às avessas”, onde o CNPJ será da CGTEE, mas a cultura organizacional da Eletrosul é que deverá prevalecer e ser fortalecida.

Falando da Eletrosul, Eggers citou o alto grau de endividamento e de algumas iniciativas, tomadas em anos anteriores, para reduzi-lo, como a descontratação de energia de alguns empreendimentos, e a transferência de ativos para a holding para quitar dívidas. Sem precisar os valores, afirmou que em 2017 a Eletrosul pagou em serviço de dívida, cerca de R$ 660 milhões, comprometendo substancialmente sua capacidade de geração de caixa.

Já em 2018, pagou cerca de R$ 330 milhões, chegando a um nível administrável, segundo ele. Lembrou, ainda, que apesar de tudo, a empresa fechou o ano com bom resultado, cerca de R$ 800 milhões em caixa e pagamento de dividendos à holding. Porém mostrou-se preocupado com a próxima revisão tarifária, que pode imputar à Eletrosul uma perda de aproximadamente R$ 300 milhões de receitas em 2019.

Disse que foi solicitado à Aneel um escalonamento dessa revisão, com diluição em cinco anos, para que a perda de receita seja gradual. Aproveitando o tema, não perdeu a oportunidade de afirmar que a Revisão Tarifária exigirá mais redução do PMSO citando novas iniciativas para redução de pessoal (novo PDC), eficiência tecnológica em vigilância, e sugerindo redução do número de Centros Regionais de Operação das Instalações (CROI).

Voltando a falar da fusão entre as empresas, o presidente afirmou que a dívida da GCTEE com a Eletrobras supera a casa dos R$ 4 bilhões, mas que a dívida será zerada com seu projeto de capitalização. A CGTEE passou por uma redução de 40% de despesas com Recursos Humanos nos últimos dois anos, que agora conta com uma usina de 350 MW praticamente reformada em sua totalidade, até março, com uma receita anual de aproximadamente R$ 600 milhões e custos operacionais da ordem de R$ 350 milhões, trazendo assim um incremento nas receitas da Eletrosul e melhorando ainda mais a capacidade de geração de caixa.

Portanto, na avaliação da Eletrosul, há vantagens na Incorporação, como por exemplo, uma única empresa Eletrobras no sul do país, redução de cargos de gestão, uma só administração; aproveitamento tributário; , recuperação de receita equivalente à que a Eletrosul irá perder com a revisão tarifária; aumento da capacidade de geração de energia pela Eletrosul.

Eggers não deixou de se manifestar em relação as privatizações no setor elétrico. Há sinalização do governo para a continuidade do processo de privatização da Eletrobras, mas que, na visão dele próprio a Eletrosul é a empresa mais preparada para enfrentar esta realidade, pois na opinião dele, quanto melhor estiver a empresa, menor o risco de ser privatizada.

Será (veja o PDNG na página ao lado)? Ao fim da exposição da diretoria, os dirigentes sindicais criticaram a falta de informações precisas e questionaram a existência de estudos sobre os passivos ambientais, passivos judiciais e os impactos da incorporação para os trabalhadores de modo geral, inclusive nos seus fundos de pensão, bem como uma resposta oficial ao Pedido de Informações pendente desde o ano passado.

A Eletrosul informou que os objetivos da fusão são estritamente de cunho estratégico empresarial e que não identifica possibilidade de prejuízo de qualquer ordem aos trabalhadores da Eletrosul ou da CGTEE, mas que irá providenciar resposta do questionamento. (fonte: Sinergia-SC)

Leia também:
. CNE: sindicatos debaterão avanço da privatização da Eletrobras e articulação de luta

Urbanitários na resistência: contra à privatização do setor elétrico e do saneamento.
ÁGUA, ENERGIA E SANEAMENTO NÃO SÃO MERCADORIAS!