A agenda de privatizações gerou um novo protesto nesta quarta-feira (25). Na capital federal, um grupo de trabalhadores, lideranças de movimentos populares e parlamentares se reuniu em frente à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para bradar contra a venda da Companhia Energética de Brasília (CEB), alvo de um processo de desestatização agendado para dezembro.

A vendedora ambulante Maria Analiete da Silva, de 53 anos, compareceu ao ato para criticar a medida, que parte do governador Ibaneis Rocha (MDB). Ela destaca que a venda da CEB se insere num contexto de uma série de privatizações previstas pela gestão, que hoje tem na mira também restaurantes comunitários, espaços da rodoviária do Plano Piloto, entre outros.

“Nosso governador está vendendo tudo, e eu não acho justo, por isso que estou aqui, pra somar tanto na [defesa da] CEB quanto de qualquer outro órgão que ele venha a privatizar. Se ele privatizar tudo o que está pensando, o que vai ser do povo de Brasília? A CEB vai ser igual ao caso do Amapá. Meu irmão mora lá, eu já sei como é, então, a gente vai passar mais luta do que está passando agora”, acredita Maria Analiete.

Ela conta que teme uma precarização no serviço de fornecimento elétrico e ainda o aumento no preço da conta de energia, um movimento tradicionalmente observado no país após a entrega de empresas públicas para a iniciativa privada. “Já pago R$ 130 por mês, mesmo morando sozinha com minha filha, e acho caro. Se venderem a CEB, o preço tende a subir”.

O protesto desta quarta-feira marca a primeira agenda de luta da Frente Popular contra as Privatizações e pelo Direito ao Trabalho, criada esta semana em Brasília a partir da união de diferentes segmentos de trabalhadores, movimentos populares e coletivos engajados na pauta.

“A violação que está acontecendo e que [faz com que] trabalhadores urbanitários da CEB se mobilizem com muita força é uma mobilização que, na verdade, diz respeito a  toda a cidade. A gente sabe que privatização piora o serviço, demite trabalhadores, precariza os trabalhadores que ficam e aumenta a tarifa. É muito bonito e importante de se ver vários setores sociais se juntando por uma luta que é conjunta”, disse o militante e ambientalista Thiago Ávila, da articulação da frente.

Ele ressalta que a agenda que hoje está em jogo no Distrito Federal difere do plano apresentado pelo governador Ibaneis durante a campanha eleitoral que o elegeu para o mandato 2019-2022.

“Esse projeto de cidade é bem diferente, portanto, é um estelionato eleitoral, e é um projeto de cidade elitista. É mercantilizar a vida mesmo, pegar tudo que é bem comum, bem público e entregar pros grandes empresários, pros super-ricos no pior momento da vida das pessoas, quando elas deveriam estar, ao contrário, tendo acesso a políticas públicas voltadas pro bem comum”.

Fonte: Cristiane Sampaio-  Brasil de Fato