A Cemig cravou a data de quatro de outubro, daqui a pouco mais de uma semana, para iniciar o retorno ao trabalho presencial na empresa. De acordo com comunicado interno, com algumas exceções (grávidas, por exemplo), o regime presencial será retomado gradativamente, mantendo o home-office por dois dias semanais.  

Mais uma vez, a Cemig desconsiderou a representação sindical, tomando decisões sem diálogo, sem negociação, e comprometendo a saúde e segurança dos trabalhadores e trabalhadoras. 

 No comunicado, a empresa afirma que houve melhora nos índices de controle da pandemia de covid-19 e que a vacinação está avançada. No entanto, apenas 48% dos mineiros receberam as duas doses, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Outro ponto de atenção é a presença da variante Delta no país; em Minas, ela é responsável por metade das contaminações por coronavírus. A variante Delta é quase duas vezes mais transmissível que a cepa original, identificada na China, e ainda não existem estudos conclusivos sobre seu impacto nas internações e mortes.  

O Sindieletro é contra o retorno ao trabalho presencial, pois ainda é precoce expor os trabalhadores ao risco de transmissão do vírus. Já estamos em contato com a gestão da empresa para reavaliarem a decisão. O retorno deve ser cauteloso e embasado em estatísticas, em orientações dos órgãos sanitários competentes e, principalmente, por meio de negociação com os sindicatos. 

Histórico  

Repudiamos essa postura da gestão da empresa de tomar tal medida unilateral e continuaremos lutando contra o retorno, e em prol da negociação.  Desde julho de 2020 a gestão da empresa já anunciou por quatro vezes o retorno ao trabalho presencial. O Sindieletro, na luta, impediu essa medida, cobrando o diálogo para uma melhor decisão em defesa da vida da categoria eletricitária. Levamos o debate sobre o home Office e sobre as condições de trabalho e segurança de todos trabalhadores e trabalhadoras para a Assembleia Legislativa. E mantivemos a interlocução com a própria Cemig (e as demais empresas que negociamos), deputados estaduais e federais, Ministério Público e outras autoridades e instituições, tudo para debater os protocolos e a proteção à vida dos eletricitários e eletricitárias.  

Uma das primeiras ações foi cobrar da Cemig o trabalho home Office e a suspensão imediata das atividades não emergenciais de campo em unidades consumidoras, como as de inspeção e corte. Cobramos o trabalho em home office para os serviços não essenciais e escala de horário diferenciado com jornada de seis horas para os eletricitários e eletricitárias que não puderam exercer os serviços em casa.  

Tivemos interlocuções com os deputados Rogério Correia (federal) e com os deputados Betão e Beatriz Cerqueira (estaduais). Rogério Correia levou para a Aneel a proposta da categoria eletricitária de proteção à vida. A Agência Nacional de Energia Elétrica reconheceu o caráter essencial do trabalho em Unidades Consumidoras e, mesmo com a postura da Cemig de ser contra a suspensão, os trabalhadores ficaram um tempo sem realizar a inspeção e corte. Mas, infelizmente, a própria Aneel voltou atrás.  

Em junho de 2020, a empresa anunciou o retorno presencial e o fim da jornada de seis horas, sem diálogo com os sindicatos. Após nova insistência do Sindieletro, a empresa só voltou atrás para o teletrabalho. No final de 2020, a Cemig novamente decidiu pelo retorno ao trabalho presencial a partir de 04 de janeiro de 2021, e, mais uma vez, conseguimos reverter a decisão. 

Deixamos de avançar em vários pontos, para a proteção à vida dos trabalhadores, porque a Cemig não nos deu respostas. A gestão privatista de Zema foi pela linha da insensibilidade, impondo a retirada de direitos, descumprindo acordos em plena pandemia. A gestão cortou o transporte fretado dos trabalhadores próprios e terceirizados, e rompeu o  acordo da PLR 2019, por exemplo, obrigando o Sindieletro a procurar a Justiça do Trabalho, que determinou o pagamento antes do prazo imposto pela Cemig.

Fonte: Ascom Sindieletro-MG