O Senado realizou, nesta quarta-feira (15/3), a audiência pública interativa “Água como Direito – A visão da sociedade civil”,  que contou com convidados representantes de urbanitários, agricultores familiares, comunidades quilombolas e organizações não governamentais.

Presidindo a audiência, o senador Jorge Viana (PT-AC), disse que o objetivo do encontro era dar voz aos representantes do Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama) com “absoluta transparência, até de empoderamento”.

“As organizações da sociedade civil e os movimentos populares entendem que não é debatido plenamente da maneira como se quer, no fórum institucional, aquele fórum oficial, os temas que a população e a sociedade entendem que são mais prioritários”, afirmou o parlamentar.

FNU representada

O assessor de saneamento da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e integrante da organização do FAMA,  Edson Aparecido da Silva, foi o primeiro a falar e mencionou a questão da privatização da água.

“A perspectiva do fórum é fortalecer a organização, luta e resistência contra todas as formas de privatização da água que hoje são tentadas pelas grandes corporações nacionais e internacionais”, disse, acrescentando que as empresas “querem se apropriar de um bem para avançar no seu processo de exploração”.

De acordo com Iury Paulino, coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), há um uso “exagerado” do conceito de escassez da água com a finalidade de “assustar a população”, enquanto, para as organizações sociais, a água é um “direito humano” em diferentes aspectos. Ele informou que mais de 100 debatedores dos cinco continentes estão confirmados para participar do Fama.

Paulino disse que será formado um acampamento permanente com mais de 5 mil pessoas que buscarão debater temas que, segundo ele, não terão lugar durante o Fórum Mundial da Água. “Essa população não tem essa perspectiva, não tem voz, não tem espaço de colocar o conhecimento acumulado pela história de luta em defesa dos recursos naturais, em especial da água. Não tem espaço de colocar suas lutas para ter acesso a esse recurso natural”, afirmou.

Para a coordenadora nacional de Articulação dos Quilombolas, Francinete Pereira Cruz, a água é tão importante para as comunidades tradicionais quanto o território que elas “lutam diariamente para garantir”. Presente na sessão, a senadora Regina Sousa (PT-PI) mencionou os problemas da seca existentes ainda hoje em regiões do país.

“O carro-pipa ainda é o grande negócio no Nordeste. É lucrativo, por isso não se tenta resolver o problema da água definitivamente, universalizar a água para todo mundo. Não dá para fazer de uma vez, eu sei. Mas se tivesse uma meta, a cada ano, tantos municípios vão deixar de ser abastecidos carro-pipa. Um dia nós teríamos os municípios todos com a água universalizada”, disse, criticando a demora do Poder Público em disponibilizar a água de poços artesianos perfurados. (com informações: Agência Brasil – EBC)

Assista ao programa Dialogo Brasil – Gestão da água em pauta, com a presença do assessor de saneamento da FNU, Edson Aparecido da Silva