A Eletrobras e a Empresa Brasil e Comunicação (EBC) foram oficialmente incluídas no Programa Nacional de Desestatização (PND). Os decretos foram publicados na edição desta sexta-feira do Diário Oficial da União.

A notícia vem no dia seguinte a mais um apagão no Amapá. Segundo a Companhia de Eletricidade do Estado (CEA), houve um problema técnico em uma linha de transmissão na divisa entre o estado e o Pará, de responsabilidade da Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), a mesma que opera os transformadores que deixaram o estado às escuras por 22 dias em novembro. Nesta quinta, o problema atingiu 15 dos 16 municípios do estado e levou cerca de 3 horas para ser corrigido.

Depender dos investimentos privados pode ser um risco para o país. Dados apresentados pelo diretor do Instituto Ilumina Roberto Pereira D’Araujo revelam que, de cerca de 120 GW de usinas hidrelétricas, apenas 11 GW foram construídas pelo setor privado sem ter sido compradas prontas ou construídas em parceria com estatais.

“Além disso, dados do BNDES mostram dispêndios [do banco] de mais de R$ 650 bilhões a preços de 2020 apenas para o setor elétrico. De fato, nunca houve esse vigor e coragem do capital em correr riscos num país com tantos problemas sociais e políticos”, ironiza o engenheiro eletricista em artigo.

A privatização da Eletrobras deve acarretar perda de eficiência no setor, com falta de integração, o que é crítico em um país com participação majoritária da hidroeletricidade em sua matriz energética. China, Canadá, Rússia, Noruega, Suécia, Índia e Estados Unidos têm estatais no setor elétrico.

O modelo de privatização da Eletrobras deverá ocorrer por meio de aumento da oferta de ações ao mercado, de modo que a União, que hoje tem 51% da empresa, tenha sua participação acionária reduzida e passe a ser acionista minoritária.

Fonte: Monitor Digital