O relatório do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) ao projeto que autoriza a privatização da Eletrobras (PL 9463/18) deverá ser entregue somente nesta quinta-feira (10/5). Aleluia havia anunciado que o substitutivo seria apresentado nesta quarta (9/5), mas isso não aconteceu. Segundo ele, o texto está praticamente fechado, mais ainda faltam alguns ajustes.

Segundo a Agência Câmara, o gabinete de Aleluia divulgou uma versão preliminar, ainda sujeita a mudanças. O texto mantém as linhas gerais da proposta do governo, autorizando a privatização pelo aumento do capital social da estatal, que diluirá a participação da União para menos da metade. Atualmente, a União é dona de 64% do capital social da empresa.

A versão preliminar aponta para duas alterações relevantes. A primeira, já antecipada por Aleluia, é a destinação de mais recursos para o programa de revitalização da bacia do rio São Francisco. O projeto prevê R$ 350 milhões anuais nos primeiros 15 anos, e R$ 250 milhões anuais nos últimos 15 anos. A versão preliminar aponta parcelas anuais de R$ 500 milhões, atualizado anualmente, por 30 anos.

Aleluia deverá propor ainda uma nova governança para a revitalização: em vez da Eletrobras ou Chesf, ele deverá sugerir a criação de uma fundação privada, denominada Fundação de Revitalização do Rio São Francisco (Revita), para administrar e aplicar as verbas. O relator estuda ainda a inclusão de um dispositivo obrigando a Chesf a fornecer a energia elétrica necessária à operação do Projeto de Integração do Rio São Francisco.

A segunda mudança é a destinação de uma parcela maior da renda gerada pela renovação dos contratos de concessão das usinas hidrelétricas “descotizadas” – usinas cujo preço de venda da energia deixará de ser definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para ser comercializado livremente no mercado – para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

O projeto do governo destina 1/3 da renda para a CDE, com o objetivo de reduzir o impacto da descotização nas tarifas de energia. Aleluia deverá propor um valor superior, seguindo diversas emendas apresentadas pelos deputados com esse fim. A CDE é um encargo do setor elétrico que tem vários fins, como estimular a universalização do serviço de energia elétrica.

Tramitação: prazo começa a partir do dia 14/5

Após a apresentação do texto, a comissão especial que discute a proposta do governo abrirá o prazo de cinco sessões do Plenário da Câmara para recebimento de emendas ao substitutivo. Se o texto for mesmo apresentado amanhã, o prazo deverá ser contado a partir de segunda-feira (14/5).

O texto final, que poderá acolher ou não as emendas, será colocado em discussão e votação na comissão especial. A previsão é que isso aconteça a partir da penúltima semana de maio. O projeto tramita na Câmara em caráter conclusivo. (com informações: Agência Câmara)

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A luta dos urbanitários tem que continuar firme para impedir que o projeto de lei seja aprovado. Toda pressão junto aos parlamentares!

NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS!

“É um absurdo a pretensão que o governo tem para a Eletrobras, com o intuito de arrecadar R$ 12,2 bilhões com sua venda, ou seja, por cerca de 3% de seu valor físico. A ideia é que parte do capital seja vendido e a maior parte das ações continue com o Executivo, mas que o governo, por meio de instrumento legislativo, deixe de ser o acionista majoritário e perca o controle da empresa. Essa proposta é criticada até por parlamentares da base aliada de Michel Temer.”