Protestos organizados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) acontecem em frente às distribuidoras de energia e pontos estratégicos de diversas cidades em todo o país

Com cartazes exibindo mensagens de denúncia contra o preço abusivo da luz, população ocupou sedes de distribuidoras de energia em todo o país durante jornada do MAB na manhã desta quinta, 18. Os protestos simultâneos que aconteceram em cidades como Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Fortaleza (CE) e Niterói (RJ) e Capitão de Leônidas Marques (PR) tinham o mesmo mote: “o preço da luz é um roubo”. Os atos também denunciaram preços exorbitantes do gás, dos alimentos e dos combustíveis. Manifestações seguem em outras cidades do país durante a tarde.

A proposta da Jornada é chamar a atenção para o impacto da inflação e das novas bandeiras tarifárias do setor elétrico no custo de vida da população de baixa renda. Além da bandeira tarifária “escassez hídrica” criada em 2021, documentos oficiais do governo e do próprio setor elétrico divulgados nesta semana preveem um novo aumento da tarifa superior a 20% em 2022. O reajuste vai impactar ainda mais o orçamento das famílias de todo o país que já sofrem com a inflação que compromete a segurança alimentar da população de baixa renda.

Segundo o MAB, os preços abusivos que estão sendo cobrados dos consumidores no país servem para garantir a altíssima lucratividade das companhias do setor elétrico, pois a energia cara transfere renda de brasileiros, sobretudo dos mais pobres, para sócios de multinacionais, e grandes investidores internacionais das companhias de energia que atuam no Brasil.

“Os protestos de hoje são atos simbólicos muito importantes para que o MAB pudesse reforçar sua mensagem de luta nacionalmente contra as empresas transacionais que dominam o setor elétrico no Brasil explorando a população através de tarifas abusivas nesse comento de crise e de altos índices de desemprego no ´país”, avalia Josivaldo Alves, coordenador do MAB, que acompanhou os protestos em Fortaleza (CE). Segundo o dirigente, durante os atos, integrantes do Movimento distribuíram uma edição especial do Jornal Brasil de Fato sobre as causas da inflação no país, atreladas a políticas econômicas do Governo Bolsonaro, como a privatização do setor elétrico, o fim de políticas de regulação do preço dos alimentos e priorização de políticas agrícolas focadas na exportação de commodities, em detrimento do abastecimento nacional.

No Maranhão, os atos aconteceram ontem, 17, com projeções realizadas na empresa termelétrica ENEVA, na Equatorial Energia, no Ministério da Economia, no prédio histórico da RFFSA e no Edifício Office tower, onde funciona a sede da Equinox Gold no Maranhão. A ação faz parte da Jornada Nacional de lutas do MAB contra os altos preços da luz e foi realizada em parceria com a brigada de ações simbólicas do MST.

A ENEVA que foi alvo dos protestos na capital maranhense é uma grande empresa controladora de termelétricas movidas a carvão mineral e gás natural. Trata-se de um dos exemplos das companhias do setor elétrico que têm aumentando sua lucratividade mesmo durante a pandemia. A empresa tem como um dos principais acionistas o banco BTG Pactual, maior comercializador de energia do país e que teve como um dos fundadores o ministro Paulo Guedes. No terceiro trimestre deste ano a ENEVA lucrou mais de 363 milhões de reais, um valor 553% mais alto que no ano passado.

Em São Paulo, o endereço dos protestos foi a sede da Enel, distribuidora de energia do estado que, em 2020, ano de plena pandemia, teve aumento de 26,2% no lucro líquido em comparação ao ano anterior. Mesmo com a leve queda na receita bruta (de 1,4%), a própria empresa afirma nos seus relatórios que a diminuição da distribuição de energia foi compensada pelos reajustes da tarifa que viabilizaram esse efeito de aumento nos lucros.

Fonte: Coletivo Nacional de Comunicação  do MAB