Após a entrega da CEAL para o capital privado por apenas R$ 50 mil, os Alagoanos irão enfrentar, a partir do dia 27 de março, uma onda de aumentos de tarifas, queda na qualidade dos serviços prestados e demissões. As informações são do Estado do Piauí, onde a Distribuidora de energia CEPISA, foi entregue pelo governo federal nos mesmos moldes da de Alagoas, para a mesma empresa que comprou a CEAL.

Segundo o Sindicato dos Urbanitários do Piauí – SINTEPI, os piauienses começam a sentir os efeitos nefastos da privatização da CEPISA, agora controlada pela Equatorial Energia. Cerca de cinco meses após a entrega do patrimônio do povo do Piauí, esse grupo, apenas fez demissões de trabalhadores/as e reajustou a tarifa de energia. Quando cobrada pela realização de investimentos, a empresa diz que a crise econômica não permite esses investimentos no momento. Ao contrário disso, pediu e recebeu um reajuste na tarifa de energia de 12,64%. O reajuste entrou em vigor no dia 2/12/2018.

O Sindicato diz também que a Equatorial alega que assumiu uma dívida de R$ 2,5 bilhões da CEPISA. No entanto, o presidente da empresa não especifica a origem desse montante. Em segundo lugar, “ele omite outros números importantes favoráveis à Equatorial, como por exemplo, que a empresa recebeu de graça uma inadimplência acumulada de R$ 1,8 bilhões, além de poder abater ainda em créditos tributários cerca de R$ 2,5 bilhões, ou seja, nesse caso a Equatorial ainda ficaria com um superávit de quase R$ 2 bilhões, sem citar que uma empresa que fatura quase R$ 3 bilhões anuais no Piauí foi adquirida pela irrisória quantia, preço de um simples carro popular”, explica a entidade.

Além do recente aumento da tarifa de energia, os consumidores são prejudicados com a precarização dos serviços, tendo em vista a falta de energia constante e a demora na solução desses problemas. “Precisamos lutar constantemente contra essa prática da empresa de não valorizar seu quadro de pessoal renovado e treinado pela CEPISA pública, em contradição àquilo que foi prometido em coletivas de imprensa nacional e local no dia da aquisição da empresa e na posse, que era exatamente ampliar os investimentos e a qualidade do atendimento”, denuncia a entidade Sindical.

Pelas denúncias, a Equatorial vem reduzindo constantemente as equipes de atendimento nas áreas de Operação e Manutenção, descredenciando trabalhadores que atuam nesses setores estratégicos. “Essa redução de trabalhadores em campo acontece justamente nesse período chuvoso, quando há mais ocorrências em relação a descargas elétricas e queda da rede, provocadas pela interferência da arborização”, explica o Sindicato.

As entidades sindicais também tiveram informações de que a Equatorial, que também é dona das Distribuidoras de Energia do Maranhão e do Pará, tem com única finalidade o lucro, já que a empresa é composta por um grupo de fundo de investimentos, tendo como meta anual garantir a distribuição de no mínimo, R$ 1 milhão de participação nos lucros.

O SINTEPI diz que as reclamações da população são enormes e a insatisfação é generalizada naquele Estado. A entidade sindical vem cobrando constantemente ações do poder público estadual e federal, inclusive aguarda decisões de várias ações na Justiça Comum e do Trabalho, tentando reverter esse enorme prejuízo para o povo piauiense, uma vez que o Estado tem a terceira maior tarifa de energia do país e, ainda assim, centenas de trabalhadores/as de carreira vêm sofrendo demissões ou colocados em indisponibilidade, tendo seus direitos feridos, como o pagamento do adicional de periculosidade, retirada de direitos garantidos no Acordo Coletivo de Trabalho – ACT e na própria CLT. (fonte: Situ-AL)

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