O Senado Federal aprovou por unanimidade, na quarta-feira (23), a retirada do texto da reforma da Previdência que barrava o direito à aposentadoria especial para quem trabalha em situação de periculosidade, como eletricitários, vigilantes e motoristas de caminhão-tanque.

Mas, para esses trabalhadores terem direito a aposentadoria especial, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) ainda precisa enviar uma Lei Complementar para o Congresso Nacional. Enquanto, essa lei não for aprovada, vale o texto da reforma que proíbe aposentadoria especial para essas categorias.

“Se a lei complementar não for enviada rapidamente ao Congresso, eles não conseguirão ter o tempo especial reconhecido pela Justiça, pois a reforma retira totalmente este direito. Com isso, eles somente irão se aposentar por idade”, diz a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Adriana Bramante, lembrando que com a promulgação da reforma os homens só poderão se aposentar aos 65 anos e as mulheres aos 62.

De acordo com a advogada, desde 1997 o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) não vem aceitando a contagem de tempo especial para vigilantes e eletricitários, mas essas categorias têm conseguido o benefício entrando com ações na Justiça. Que é o que vai continuar acontecendo até a lei complementar ser aprovada e sancionada.

A tentativa de manutenção dessas categorias na aposentadoria especial, que ainda depende da lei complementar, foi possível graças ao destaque apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS).

O texto do relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 006/2019, nome oficial da reforma, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), proibia a aposentadoria especial por periculosidade.  Hoje, ela é destinada às pessoas expostas a doenças em hospitais ou a elementos tóxicos, como o benzeno; e para aqueles que têm sua integridade física ameaçada, como vigilantes e eletricitários, porque correm riscos diariamente em suas atividades.

Essa proibição retiraria dos trabalhadores e trabalhadoras que exercem atividades perigosas a possibilidade de se aposentarem com menos tempo de contribuição – hoje se exige 15, 20 ou 25 anos, de acordo com a gravidade da atividade.

Até a lei complementar ser aprovada, os eletricitários, vigilantes e motoristas de caminhão-tanque não terão direito à aposentadoria especial, o que pode provocar uma enxurrada de ações na Justiça para que o INSS reconheça esse direito.

A presidente do IBDP critica ainda postura dos senadores que aprovaram a reforma da Previdência na “correria”, para que a PEC não precisasse retornar para nova votação na Câmara, caso houvesse mudanças no texto aprovado pelos deputados.

“Os senadores deixaram para uma PEC Paralela e projetos de lei complementares casos como e de atividades perigosas e isto cria um limbo jurídico. Quem precisar de um direito que ainda dependa de leis complementares vai ser prejudicado”, denuncia a advogada.

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