As mais de quatro décadas de mineração de bauxita no município de Oriximiná, no estado do Pará, tornaram as condições de vida de quilombolas e ribeirinhos da região mais difíceis. A água perdeu a qualidade, a quantidade de peixes diminuiu e há uma sensação ainda maior de insegurança frente às barragens de rejeito administradas pela mineradora, de acordo antropóloga Lucia Mendoza Morato de Andrade, autora do livro Antes a Água era Cristalina, Pura e Sadia – Percepções quilombolas e ribeirinhas dos impactos e riscos da mineração.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Lucia, que é também coordenadora executiva da Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP), que lançou o livro, explica as licenças do empreendimento como um exemplo da insuficiência dos estudos para diagnosticar as consequências socioambientais da extração de bauxita. Na região, a atividade vem sendo feita pela empresa Mineração Rio do Norte, de acordo com a CPI-SP.

Diante das denúncias da comunidade, a antropóloga, que reuniu os relatos e as percepções dos ribeirinhos e quilombolas que compõem o livro, adverte sobre a necessidade do governo impedir a construção de novas barragens, que são pedidas pela empresa, uma vez que os planos emergenciais existentes para apenas quatro das mais de 20 barragens já não contemplam as necessidades locais. “É um plano frágil, que não é adequado para dar conta de uma situação de emergência e não traz um plano para indenizar e compensar nesses casos”, critica.

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