Bruno Puga analisou cenário da crise hídrica em São Paulo nos anos de 2013 e 2015 (Foto: Antonio Scarpinetti/Unicamp)Economista ecológico analisou período de seca e as políticas de gestão da água. Modelo de expansão “domina” e governo deixa de lado saneamento básico e uso racional

Um estudo realizado pelo economista ecológico Bruno Peregrina Puga, da Unicamp, aponta que São Paulo “perdeu a oportunidade de aprender” com a crise hídrica, implantando soluções mais práticas e efetivas para lidar com a gestão da água. Em sua tese, o pesquisador defende a necessidade de ampliar o leque de ferramentas para garantir o abastecimento da população. “Nossa crise hídrica é permanente”, avisa.

“O estado busca água cada vez mais longe, faz grandes obras e transposições, mas não resolve o problema central, que é a falta de saneamento básico e o descaso com recursos hídricos da própria bacia.”

Em tese desenvolvida na área de economia do meio ambiente do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, o pesquisador afirma que medidas como campanhas de redução de consumo, de uso eficiente, além de revisão de antigas instalações, precisariam, ao menos, andar ao lado das grandes obras.

“Não é uma solução ou outra. Precisaria lançar mão de um conjunto de ações, propor uma nova cultura de relacionamento com a água. É preciso afastar essa imagem que o Brasil tem fartura de água. A maior parte está na bacia Amazônica, na região Norte. Diante da quantidade de pessoas que vivem nessa região, a disponibilidade hídrica é pior que de regiões semiáridas”, defende.

Ponto positivo

Para Puga, o ponto positivo da crise hídrica foi o envolvimento da sociedade civil com o que estava acontecendo. Segundo ele, uma “população bem informada age melhor para gerir o uso da água”.

O pesquisador aponta que medidas práticas foram pouco ou nada incentivadas durante a crise. “Obra de saneamento não dá muita visibilidade política”, lamenta o profissional, que analisou os problemas enfrentados em São Paulo durante os anos de 2013 e 2015.

Seca atual

Campinas (SP) completou na sexta-feira (11/5) 39 dias sem chuva, e o Rio Atibaia, responsável pelo abastecimento de 95% do município, está com volume 19% abaixo do esperado para o período.

Responsável por “socorrer” a região, o Sistema Cantareira, que praticamente secou durante a crise hídrica em 2014, opera atualmente com 49% da capacidade, e liga o alerta da população para o risco de racionamentos. (fonte: G1)

ONDAS fará o debate permanente sobre a questão da água e do saneamento

O Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento – ONDAS –, recém-criado, irá dar visibilidade e promover pesquisas como essa para debater a questão da água e do saneamento em nosso país.

O observatório também será uma das formas de resistência à privatização do saneamento no país. Ele foi criado no último dia 25 de abril, em Brasília, por entidades sociais, sindicais e acadêmicas. Seu objetivo é formular políticas para o saneamento básico, lutar contra qualquer tentativa de privatização da água e elaborar documentos no setor.

assembleia de fundação (oficial) do ONDAS está agendada para o próximo dia 7 de junho, às 17 horas, na Universidade de Brasília – UnB.

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