Aumento de tarifas, precarização dos serviços, demissão de trabalhadores, alta rotatividade e terceirização. Esses são alguns impactos negativos das privatizações, especialmente no setor elétrico. O alerta é o diretor do Sinergia-MS, Elvio Vargas, que foi um dos organizadores da audiência pública “Privatizações, o desmonte dos serviços públicos e os prejuízos à população”.

O debate aconteceu nesta quinta-feira (12), na Assembleia Legislativa, através da proposição do deputado Pedro Kemp, e com participação de trabalhadores do setor de energia de Mato Grosso do Sul e de outros serviços públicos essenciais com riscos de privatização, como: água, Correios e bancos públicos.

O Sinergia-MS participou da discussão em defesa da Eletrosul, braço da Eletrobras, e da MS Gás.

Durante a audiência pública, Elvio Vargas destacou que a Eletrobras é uma das maiores empresas de energia do mundo, e a maior da América Latina, sendo responsável por 31% da geração, 51% da transmissão e 10% da distribuição. O diretor ressaltou ainda que a energia no Brasil hoje já é uma das mais caras do mundo e, antes de 1995, quando começou o processo de privatizações, era considerada uma das mais baratas.

“A Aneel divulgou que, se o sistema Eletrobras for privatizado, como quer o governo Temer, nós vamos ter um aumento de 16% nas tarifas. Quando você privatiza o serviço público, você tira o foco de atendimento de um serviço público, que é essencial e que é dever do Estado, e passa a uma empresa que visa lucro, que não quer saber se você precisa de energia, só quer saber quanto vai ganhar para levar a energia para você”, ressaltou Elvio.

A presidente do Sinergia-MS, Elizete Almeida, destacou que a instabilidade para os trabalhadores e a precarização do serviço como resultados das privatizações. “Como a empresa privada visa lucro, nós sabemos que técnicos experientes são substituídos por pessoas inexperientes e com salários menores. Essa troca de funcionários acaba provocando a diminuição da qualidade de prestação de serviço”, avaliou.

O deputado estadual, Pedro Kemp, lembrou que as privatizações estão na pauta do atual governo e preocupa trabalhadores e autoridades. “A privatização de serviços públicos essenciais pode ter como resultado o encarecimento das tarifas que a população paga, até porque a empresa privada tem a lógica do lucro, não vai desenvolver o serviço tendo prejuízo ou de graça. Nós temos essa preocupação e entendemos que é serviço do Estado prestar esses serviços essenciais como água e energia, e também dos bancos públicos, que têm uma função social”, relatou o parlamentar.

MS Gás

Os trabalhadores da MS Gás paralisaram as atividades nessa quinta-feira (12) para participar da audiência pública. O membro da Comissão dos Empregados da MS Gás de Acompanhamento do Processo de Desestatização,Tiago Andreotti e Silva, participou da mesa de debates e explicou que 51% das ações da MS Gás são do Estado e 49% da GasPetro, subsidiária da Petrobras. A empresa cuida da infraestrutura e distribuição de gás natural para indústrias, comércios, residências e termelétricas no Estado.

“Este ano, a MS Gás vai comemorar 20 anos. Desde sua criação, jamais precisou de aporte financeiro do Estado para sua manutenção. É uma empresa lucrativa e que ainda investe na expansão de sua rede de infraestrutura. Em 2016, o lucro líquido da empresa foi de R$ 13 milhões. Segundo o próprio diretor da empresa, Rudel, existem projetos, que se concretizados, podem fazer com que a MS Gás movimente até o triplo de gás natural que é movimentado hoje”, relatou.

“Com a privatização, o governo vai deixar de arrecadar assim como deixou de arrecadar quando vendeu a distribuidora de energia. Fora a questão de expansão que vai ficar também na mão de empresários, que vão avaliar critérios de lucratividade e não o social”, acrescentou a presidente do Sinergia-MS, Elizete Almeida.

O diretor Elvio Vargas ainda destacou uma pesquisa do Datafolha que revela que 70% da população brasileira é contra as privatizações. “Vamos fazer pressão nos deputados federais, senadores e também nos deputados estaduais para mostrar que nós vamos estar de olho, e avisando a população em ano eleitoral quem está do nosso lado e quem não está”, alertou.

Além do diretor do Sinergia e do representante dos empregados da MS Gás, participaram da mesa de debate o diretor do Sindicato dos Eletricitários de Campinas e Região, Wilson Marques de Almeida, e de representantes dos Sindicatos dos Bancários de Campo Grande e de Dourados, Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos de MS e SindáguaMS.

Ao final da audiência pública, foi elaborado um documento que será enviado para as autoridades alertando para os impactos negativos das privatizações.

Por: Adriana Queiroz/Assessoria de Comunicação do Sinergia