artigo – Pedro Uczai*

O governo ilegítimo de Michel Temer (MDB) não medirá esforços para privatizar o setor elétrico brasileiro e entregar a preços irrisórios a Eletrobras e suas subsidiárias. Prevendo resistência ao projeto de lei enviado à Câmara dos Deputados contendo a proposta de privatização, os entreguistas da pátria estão formatando um “plano B” caso a tentativa de venda da estatal não prospere dentro do Parlamento: querem usar a assembleia dos acionistas da empresa, prevista para outubro, para aprovar a emissão de ações e garantir que a operação possa ser concretizada até o início de 2019.

Na semana passada o Tribunal de Contas da União (TCU) promoveu um colóquio sobre a privatização do sistema elétrico que contou apenas com a presença de técnicos e especialistas favoráveis à venda da Eletrobras, sem abrir espaço para entidades e pessoas contrárias à privatização. Na reunião de instalação da Comissão Especial que analisa a proposta de desestatização da empresa, a base do governo golpista ignorou o regimento e, numa manobra que não foi defendida nem mesmo pela tropa de choque de Temer na Câmara, declararam por instalada a comissão.

Enquanto presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Eletrosul tenho acompanhado bem de perto essa pauta. Não se trata apenas de zelar pela nossa segurança energética e sim atentar para manutenção da nossa soberania. Afinal, caso a privatização seja aprovada, perderemos o controle não apenas sobre a geração e transmissão da energia que o Brasil precisa para se desenvolver, mas também perderemos o controle sobre os nossos rios e, em última análise, os recursos hídricos que abundam no País. Os golpistas querem entregar patrimônio público e riquezas naturais que pertencem à coletividade da população brasileira.

Os motivos apresentados pelo governo ilegítimo de Michel Temer para vender a Eletrobras são risíveis, em especial quando os golpistas alegam que a privatização resultará em caixa para o governo voltar a ter capacidade de investimento. Oras, o sistema Eletrobras está avaliado em aproximadamente R$ 400 bilhões e a proposta de venda tem preço sugerido de R$ 20 bilhões, ou seja, um montante 20 vezes menor! Como aumentar a arrecadação diante de tal disparidade? Parece-nos mais plausível que a real intenção por trás da privatização é fazer agrados a setores do capital privado que deram sustentação ao golpe que alçou Temer e sua quadrilha ao poder.

* Pedro Uczai – Mestre em história, professor e deputado federal pelo PT/SC