Cia. Sanesul, citada em episódio como palco de esquema envolvendo funcionários, tem o mesmo nome de concessionária sul-mato-grossense que presta o mesmo serviço e que remeteu o caso ao seu setor jurídico

A obra de ficção, a série “O Mecanismo”, da Netflix – serviço de streaming de vídeos–, tem mais uma polêmica para explicar, agora envolvendo uma empresa pública de Mato Grosso do Sul. No sétimo episódio (“O último respiro”), o delegado federal Marco Ruffo, interpretado pelo ator Selton Mello, esbarra em esquema que começa com a cobrança “por fora” para resolver um problema na rede de esgoto e chega até alguém com cargo de chefia da Cia. Sanesul – Companhia de Água e Esgoto.

Trabalho mais recente do cineasta José Padilha, “O Mecanismo” está causando polêmicas por causa das citações envolvendo políticos investigados pela Operação Lava Jato.

No episódio em questão, Ruffo ouve de um funcionário da concessionária, uniformizado, que a solução para um vazamento de esgoto levaria semanas. Com o bloquinho na mão, o trabalhador insinua ser possível conseguir solução rápida “por fora”.

A FNU considera que esse tipo de insinuação remete a uma falsa impressão sobre a conduta profissional e moral dos trabalhadores da empresa, que não condiz com a realidade.

A cenografia expôs no bloquinho e no veículo do funcionário o nome da Cia. Sanesul e a logomarca da empresa, representada por uma imagem branca, azul e verde e que guarda similaridade com a da empresa sul-mato-grossense –que se vale de uma gota azul estilizada com o “S”.

O policial decide contratar o “serviço” e acaba encontrando um esquema maior, que envolve funcionários, inclusive com cargo de chefia, da companhia fictícia. Os fatos reverberam no episódio seguinte –“O juízo final”, que cita a empresa como parte do mecanismo da corrupção explorado no seriado.

A série usa nomes modificados para todas as empresas citadas. A Petrobras por exemplo, é Petrobrasil. A Polícia Federal vira Polícia Federativa.

A similaridade entre o nome da empresa ficcional e a companhia sul-mato-grossense já provocou reação na empresa. Após imagens do seriado circularem entre redes sociais na internet, a Sanesul confirmou ao jornal Campo Grande News que a assessoria jurídica já analisa as imagens a fim de verificar se cabe algum encaminhamento pela citação da empresa.

Série é alvo de crítica

As principais críticas à produção, que estreou na última sexta (23/3), têm como foco os personagens inspirados nos ex-presidentes petistas Dilma Rousseff e Lula e a mensagem que antecede a série e produções do tipo.

A Netflix e o diretor José Padilha são acusados de deturpar numa série ficcional fatos relacionados às investigações.

Para a ex-presidente Dilma, o diretor espalha notícias falsas a fim de destruir reputações. A principal reclamação está ligada a uma frase colocada na boca do personagem que representa Lula, chamado João Higino na série. Mas “estancar a sangria” foi a expressão usada pelo senador Romero Jucá (MDB-RR) em diálogo grampeado sobre um suposto plano para atrapalhar a Lava Jato. Depois, a Procuradoria pediu o arquivamento da acusação de obstrução.

Nas redes socais, até campanha de boicote à Netflix foi convocada. (com informações: Campo Grande News e Folha de S. Paulo)