O Operador Nacional do Sistema classificou o ocorrido como “perturbação no sistema”. Diretor do Sinergia considera “sucateamento” ou “operação indevida” como hipóteses

O apagão que atingiu quase todo o país na quarta-feira (21/3) teve como causa falhas ocorridas durante testes realizados em horário comercial pela empresa chinesa State Grid, que opera o complexo de Belo Monte. A informação é de trabalhadores do sistema elétrico. A falta de energia afetou principalmente os estados do nordeste, além de Amazonas, Pará, e Tocantins, com repercussões nas demais regiões.

Eles afirmam que para esse tipo de procedimento – de “reaperto” em conexões de proteção do sistema de transmissão – a orientação geral para as empresas que operam no Sistema Eletrobras é que seja realizado fora dos horários de maior consumo, durante a madrugada ou feriados. Nos estados do Norte e Nordeste, o apagão paralisou semáforos e afetou a circulação de trens e metrôs. O comércio também teve de fechar mais cedo.

“Mas eles fizeram um teste como esse em circuitos com 4GW no horário comercial”, reclamaram trabalhadores em grupos de comunicação internos. A subestação de transmissão da usina de Belo Monte onde ocorreu a falha teve de ser desligada, afetando todo o sistema. O único estado que não foi atingido pelo corte foi Roraima, que recebe energia da Venezuela.

“É como se fosse uma carreira de dominó. Se derrubar uma pedra, derruba todas na sequência. Essa tentativa de ligamento (o “reaperto”) de linha de Belo Monte deu rejeição de carga no país inteiro”, explica o diretor do Sindicato dos Eletricitários de Campinas e Região (Sinergia), Wilson Marques de Almeida.

Ele lembra ainda que Belo Monte e toda a sua linha de transmissão são controlados por operadores privados. “No momento, não conseguimos precisar ainda se é reflexo do sucateamento por parte da iniciativa privada, se é erro de operação ou se houve operação indevida.”

Em nota, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), disse que “uma perturbação no sistema causou o desligamento de cerca de 18.000MW, em sua maioria, localizados nas regiões Norte e Nordeste, correspondendo a 22,5% da carga total do Sistema Interligado Nacional (SIN), naquele momento”.

O dirigente sindical chama a atenção também para o fato de que um dos primeiros a justificar o ocorrido foi o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), que foi escolhido relator da comissão especial que analisa a privatização do sistema Eletrobras, como pretende o governo Temer. (fonte: Rede Brasil Atual)

 

O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), que integra a FNU, entende que em um momento como esse é oportuno montar um grupo de técnicos para analisar em paralelo as causas da ocorrência e do blecaute, assim como sobre as responsabilidades relacionadas, visto que a ocorrência poderá servir para nortear as decisões sobre o processo de privatização do grupo Eletrobras.