Na última sexta-feira (28), enquanto se encerrava o prazo para adesão ao Plano de Desligamento Voluntário Programado (PDVP) 2024, o Sindieletro foi informado sobre a demissão de gestores e ex-gestores de carreira da Cemig. De acordo com algumas denúncias, a dispensa sem justa causa foi determinada por questões “econômico-financeiras” direcionadas aos “salários incompatíveis” aos parâmetros de mercado, mais especificamente as remunerações acima de R$30 mil. Obviamente, para atender o famigerado plano de redução do desembolso da folha de pagamento.

É importante relembrar que a gestão privatista de Zema destituiu outros gestores de seus cargos a partir de 2019, reforçando o discurso sindical de que no projeto privatista nenhum trabalhador estará protegido, independentemente do cargo em questão.

Em 2019, uma reestruturação imposta pela autarquia da empresa reduziu cerca de 25% dos cargos de gestão. O desligamento compulsório dos gestores evidenciou o debate sobre o descarte daqueles que se dedicavam à lógica neoliberal instalada na política administrativa da empresa. Naquele ano, a dispensa do então superintendente do setor financeiro foi destaque: o representante da gestão da empresa na mesa de negociação era protagonista do discurso e das propostas que tentavam retirar direitos trabalhistas.

No ano de 2023, uma nova leva de dispensas de gerentes e superintendentes representou mudanças em diversos setores da Companhia, inclusive na área de saúde e segurança. Apesar de, até o momento, a denúncia ser apenas sobre a dispensa de ex-gestores, o Sindieletro não reduzirá o debate a esse fragmento de trabalhadores do universo da categoria eletricitária. A ocasião exige vigilância permanente diante da pressão que os gerentes exerceram nos trabalhadores enquadrados nos critérios do PDVP.

 

Demissões precarizam processos de trabalho

As demissões vem causando diversos problemas ao longo dos anos na Cemig. Tínhamos 18 mil empregados no quadro próprio no início da década de 90; atualmente contamos com 5 mil. Os processos de trabalho têm se tornado deficitários e causado acidentes, inclusive fatais. A questão da saúde mental escalou de forma assustadora – relembramos recentemente que o adoecimento mental ocupa o 1° lugar no ranking dos afastamentos de trabalhadores e trabalhadoras na Cemig. Em 2019, ocupava o 5° lugar.

A promessa de contratação por concurso rendeu a chamada de 225 trabalhadores, mas a meta de saída no PDVP era de 430 pessoas. Ou seja: o resultado segue sendo menos trabalhadores e mais demanda e pressão. A empresa insiste em processos de demissões sem levar em conta a saúde do trabalhador e a qualidade dos serviços oferecidos à população.

Essa gestão é um desastre para a garantia das condições de trabalho e para o negócio no setor elétrico. A perda do DEC em 2023 é outra prova da incompetência dos administradores e do projeto retrógrado em curso na empresa desde que Zema assumiu o governo e indicou seus aliados para a condução da estatal.

Nesta segunda-feira (1º), o Sindieletro-MG, o Sintec e o Senge-MG divulgaram nota de repúdio às práticas de coação adotadas por representantes da Cemig para forçar a adesão ao PDVP 2024. Reafirmamos nosso compromisso com a defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras da Cemig e asseguramos que não toleraremos práticas que comprometam sua liberdade e integridade.

Fonte: Ascom Sindieletro-MG