A publicação pela Corsan de seu balanço relativo ao 1º Trimestre de 2023 (1T23) demonstra a plena viabilidade da manutenção da companhia pública, para atingir as metas de universalização estabelecidas pelo Novo Marco de saneamento, assim como demonstram a falácia dos argumentos do Governo do Estado para vendê-la.

A Corsan apresentou um lucro líquido de cerca de 320 milhões de reais no 1T23 , projetando um lucro anual superior a R$1,2 bi. Do mesmo modo, completou nos últimos 12 meses quase 700 milhões de investimentos no saneamento básico.

Com esses resultados, a Corsan demonstra sua viabilidade enquanto empresa pública para atingir as metas de universalização do Novo Marco de Saneamento. Os especialistas do setor projetam a necessidade de cerca de R$ 1 bilhão por ano de investimentos para esse fim. Com os resultados supra apontados, somados à nova condição política e jurídica oriunda dos decretos 11.466 e 11.467/23, do Governo Lula, que revitalizaram as empresa públicas de saneamento, nossa companhia tem plenas condições de atingir as metas da Lei 14.426 sem necessitar de um só centavo do setor privado.

Ao mesmo tempo, o exame dos números de nosso balanço do 1T23 , demonstra a falácia dos argumentos do Governo do Estado da necessidade de capital privado, porque será evidentemente possível para o Consórcio Aegea , ou qualquer outro investidor privado, chegar ao nível necessário de investimentos para o atingimento da universalização apenas com o lucro operacional da companhia. Devemos lembrar que a modelagem de venda da Corsan , constante do processo no TCE, prevê uma redução de 46% no gasto com a folha de pessoal. Somente esta “ economia” injetaria mais 545 milhões por ano lucro da companhia, possibilitando que a compradora privada atingisse o patamar de 1 bilhão de reais por ano de investimentos sem por um só centavo seu, apenas com o arrocho salarial dos empregados.

Por fim, é assustador verificar que o balanço da Corsan registra reserva de lucros de cerca de 1,8 bilhões de reais! Ou seja, passando a companhia ao controle privado, no fim desse mesmo ano seus novos donos poderão distribuir quase 2 bilhões de lucros, metade do preço que pagaram pela empresa. O Governo Eduardo Leite não vendeu a Corsan. Deu-a de presente ao Consórcio Aegea.

Arilson Wünsch

Presidente do Sindiágua-RS