Um total de 43,75% dos deputados estaduais do Rio Grande do Sul, que votaram a favor da privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), não foram reeleitos e ficarão sem mandato em 2023.
Dos 32 parlamentares que foram candidatos, 14 foram derrotados nas urnas e 17 se reelegeram, dois quais dois para deputado federal.
Já o deputado Gabriel Souza (MDB), que também foi favorável à venda da Corsan, vai disputar o segundo turno para vice-governador na chapa do ex-governador Eduardo Leite (PSDB) contra o deputado federal e ex-ministro bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL) no próximo dia 30.
O levantamento foi realizado pela CUT-RS junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e à Assembleia Legislativa.
Veja abaixo a relação completa dos deputados não reeleitos.
Valeu a campanha para refrescar a memória dos trabalhadores
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, comemora a derrota dos candidatos que votaram a favor da entrega da Corsan. “Valeu a nossa campanha em parceria com o Sindiágua-RS para refrescar a memória dos trabalhadores e das trabalhadoras, lembrando quem votou contra a Corsan como empresa pública e os interesses do povo gaúcho”, destacou.
Ele observa, no entanto, que “o fato de 14 deputados não terem sido reeleitos não quer dizer que os candidatos de direita que se elegeram tenham outra posição e votem diferentemente”.
“A bancada de direita não tem compromisso com o patrimônio público, a defesa dos direitos dos trabalhadores, a valorização do serviço público e dos servidores, e o fortalecimento da democracia”, ressalta Amarildo.
Para o dirigente da CUT-RS, “é importante reafirmar que o nosso trabalho de acompanhamento dos debates e das votações no parlamento vai continuar, marcando na paleta quem votar contra a classe trabalhadora, e vamos seguir na luta contra a privatização da Corsan”.
“Água é vida, é saúde, não pode virar mercadoria para matar a sede de lucro de um punhado de grandes empresários”, enfatiza Amarildo.
Resistência contra a privatização da Corsan continua
Os deputados que votaram a favor do projeto de lei (PL 211/2021), enviado em regime de urgência pelo ex-governador Eduardo Leite (PSDB), autorizaram a privatização da Corsan, que atende 307 dos 497 municípios gaúchos.
A votação ocorreu em 31 de agosto de 2021, logo após a aprovação de uma proposta de emenda constitucional que acabou com o plebiscito sobre a privatização da Corsan, Banrisul e Procergs, impedindo que o povo gaúcho se manifestasse.
As bancadas do PT, PDT e PSol votaram contra o projeto, junto com seis parlamentares de outros partidos.
De acordo com o presidente da CUT-RS, “trata-se de uma covardia a venda de uma empresa pública que leva água e saneamento para as pessoas e ainda dá lucro para novos investimentos”. Para ele, “quem paga a conta das privatizações é a população com tarifas mais caras e serviços precários”.
O processo de privatização está em andamento e o governo tucano pretende efetuar o leilão em dezembro, porém enfrenta forte resistência dos funcionários da Corsan e da população.
“Estamos numa grande luta na defesa da água pública. Nós conseguimos dar o recado para a sociedade gaúcha, que água é um bem de todos e não pode ter dono”, destaca o presidente do Sindiágua-RS, Arilson Wünsch.