Os petroleiros conseguiram dar um importante passo para evitar que a Petrobras seja privatizada sem licitação e sem autorização do Congresso Nacional, como querem o presidente da estatal Roberto Castello Branco e o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL).
Nesta sexta-feira (18), no julgamento da medida cautelar na Reclamação nº 42576 no Supremo Tribunal Federal (STF), o relator da ação, ministro Edson Fachin, atendeu ao pedido das Mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, para que seja concedida uma liminar que paralise imediatamente as privatizações das refinarias da Petrobras.
O pedido das mesas do Congresso Nacional junto ao STF foi feito graças à atuação da CUT, demais centrais e da direção da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que durante a greve de fevereiro deste ano, se reuniu com os presidentes das Casas, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e David Alcolumbre (DEM-AP) e demonstraram que o governo federal estava burlando a decisão do próprio Supremo, de que a Petrobras não poderia ser vendida sem autorização do Congresso Nacional.
A manobra do governo consiste em transformar as refinarias em subsidiárias, desmembrando a empresa-matriz para vender seus ativos. Em 2019, o Supremo havia liberado a venda de subsidiárias sem consulta legislativa, mas não liberou a venda da matriz.
Como se trata de julgamento por sessão virtual, os ministros têm até o próximo dia 25 (sexta-feira) para apresentarem seus votos. Caso eles sigam o voto do relator, a venda das refinarias da Petrobras poderá ser suspensa.
Apesar da vitória inicial, pois ainda se trata de decisão liminar, e não de decisão final do processo, ou seja, de mérito, os petroleiros comemoram a primeira vitória da categoria.
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, lembra que a categoria precisa ainda lutar e, por isso, no próximo dia 25 haverá atividades nas bases operacionais e nas redes sociais para que o STF atue em defesa da Petrobras.
“Felizmente o ministro Edson Fachin percebeu que o governo quer burlar a decisão do STF e vender a Petrobras sem passar por um processo licitatório transparente e sem aval do Congresso Nacional”.
“Esperamos que os demais ministros sigam Fachin tendo em vista a própria decisão do STF que proibiu a venda da empresa-matriz”, completou o dirigente da FUP.
O advogado Angelo Remedio, do escritório Advocacia Garcez, que trabalha nas ações contra a privatização, diz que “uma eventual decisão favorável aos Sindicatos dos Petroleiros (Sindipetros) não significa que podemos baixar nossas armas, porque a Petrobras terá novas iniciativas para privatizar, e uma decisão desfavorável não significa que estamos derrotados, pois há muito trabalho a fazer pela frente”.
Campanha #PetrobrasFica
Em defesa da Petrobras, a FUP lançou a campanha “Petrobras fica”. A ideia é pressionar os vereadores, prefeitos, governadores, deputados estaduais e federais das localidades de 13 estados em que estão instaladas unidades da Petrobras, para impedir que a estatal seja vendida, e permaneça com suas atividades apenas no eixo Rio-São Paulo como quer o governo Bolsonaro.
A campanha ‘”Petrobras Fica” já foi lançada em seis estados: Amazonas, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Por meio de vídeos, parlamentares e artistas defendem a manutenção da empresa nos estados.
Fonte: Rosely Rocha, site CUT