A Cemig anunciou a reabertura de suas agências de atendimento à população. O serviço estava sendo realizado apenas virtualmente por conta da pandemia, mas os funcionários passarão a operar de forma presencial. A empresa informou que só serão reabertas as agências em cidades que estão na onda verde do programa Minas Consciente, ou seja, as cidades que abrirão todos os serviços, não apenas os essenciais. No entanto, o governo estadual anunciou, na segunda-feira (3), que nenhuma das 351 cidades mineiras que aderiram ao programa está apta a retomar as atividades pela onda verde. Fica a pergunta: a Cemig voltará atrás na decisão?

O Sindieletro vem manifestar sua profunda preocupação com as medidas adotadas, tendo em vista que Minas Gerais registra curvas ascendentes de contaminação e números crescentes de mortes por covid-19. Hoje, quatro de agosto de 2020, alcançamos a infeliz marca de 135.728 casos confirmados e 3.043 óbitos pela doença.

É importante lembrar que, embora as notificações exibam um panorama alarmante e grave, há subnotificações importantes que remetem a um cenário de contaminação ainda mais dramático.

O documento oficial do programa Minas Consciente, com o qual a Cemig tem sido conivente, diz, na página 33: “Há de se avaliar ainda o impacto social gerado pelo período de isolamento, devido à restrição de mobilidade, acarretando mudanças na forma como nos relacionamos em sociedade e gerando impactos psicológicos nos cidadãos. O aumento das pressões sociais, seja pelo período em isolamento ou pelos possíveis danos financeiros à renda das famílias, amplia a possibilidade de fatigamento do próprio isolamento”.

No entanto, lembramos que a exposição aos riscos de contaminação também são fatores potenciais para o adoecimento mental da população. Estar exposto em seu dia a dia e não ter certeza da devida proteção (uma vez que as medidas e o uso de EPI’s mitigam, mas não eliminam o risco biológico), o medo de levar a doença para a família e/ou transmitir para os mais vulneráveis são fatores preponderantes para a ansiedade e angústia de cada trabalhador e trabalhadora.

 

Governo aposta em imunidade de rebanho

É necessário destacar que o Minas Consciente se ancora na premissa da imunidade de rebanho, ou seja, na necessidade de que “o vírus viaje”, como disse o governador Romeu Zema, e contamine grande parte da população. Mas a imunidade de rebanho pode custar muitas vidas, já que o número de contaminações é alto.

No documento, o governo do Estado assume: “A transmissão continuará de forma mais ou menos intensa até que um limiar de proteção da população seja atingido, a chamada “imunidade de rebanho”. Cerca de duas em cada três pessoas em cada domicílio ou local social precisariam estar imunes para interromper a transmissão contínua. Alguma forma de distanciamento social precisará, portanto, estar em vigor por pelo menos vários meses, caso contrário, a demanda por assistência médica poderá exceder a disponibilidade de recursos”. O trecho está nas páginas 32 e 33.

O Estado apostou no aumento da capacidade assistencial e isso é importante. No entanto, lembramos que ainda não existem formas de tratamento efetivas, especialmente para aqueles que apresentam complicações pela infecção pelo Sars-Cov-2. As cidades vêm adotando medidas de abertura e fechamento de atividades com dinamismo, acompanhando os indicadores epidemiológicos. Mas a prática tem custado a vida de trabalhadores e trabalhadoras: quando os índices sobem, serviços são fechados. Nos perguntamos: quantas mortes serão necessárias até a decisão de novo fechamento das agências da Cemig?

Frisamos a necessidade da preocupação com a saúde e com a vida de cada trabalhador e trabalhadora. Também entendemos que cada cidadão e cidadã têm direito a receber serviços eficazes e de boa qualidade prestados pela Companhia. Na contramão do que deveria ser priorizado, como a melhoria dos sistemas de atendimento virtual, a empresa expõe sua força de trabalho ao alto risco de contaminação e contribui para a intensificação de uma crise social, com a contaminação comunitária.

Fonte: Ascom Sindieletro-MG