Terminou no sábado (27), em Porto Alegre, o XVII Seminário de Planejamento do Coletivo Nacional dos Eletricitários. Após três dias de debates, em que aspectos políticos, econômicos e jurídicos do cenário atual foram discutidos, as privatizações e estratégias para impedir que tentativas do governo avancem foram foco na manhã de encerramento.

Na mesa estavam Gustavo Teixeira, economista do Dieese, Jerônimo Guedes, engenheiro e Dra Clara Lis Coelho de Andrade, advogada, ambos da Advocacia Garcez e Wellington Diniz, secretário jurídico da Stiu Maranhão.

Gustavo Teixeira trouxe estudos que mostram que os custos do governo para liquidar as distribuidoras da Eletrobrás chegam a 17 bilhões de reais. E mostrou que apesar dos esforços da União para mostrar que as estatais de energia elétrica dão prejuízo, elas dão lucro. “Tanto que elas despertam o interesse do setor privado”, destacou ele. Ainda na fala do economista, o especialista fez uma comparação com a situação de países da Europa, mostrando que nosso país está na contramão do que acontece por lá ao optar pela privatização. “Muitas que passaram por esse processo estão voltando atrás, mostrando que o que a sociedade quer é a reestatização e essas empresas aos cuidados do poder público”, enfatizou.

Em busca de estratégias de enfrentamento, Jerônimo Guedes lembrou que muitos são os setores que estão sob a ameaça de privatização e que a luta para barrar os processos deve considerar isso e se fortalecer em conjunto com servidores de outras estatais que estão na batalha.

Para além da união com outros setores, assessorias jurídicas preparadas e o diálogo com a sociedade também podem ser aliados importantes e decisivos, pois está é a maior interessada e quem mais perde com a entrega das estatais. Em relação ao suporte jurídico, os presentes se mostraram satisfeitos com as medidas escolhidas e usadas até então. Já em relação à sociedade, houve uma concordância de que essa aproximação deva ser mais bem trabalhada pelas entidades sindicais. “E também temos que estar preparados para apresentarmos propostas consistentes quando formos questionados a respeito de soluções para as estatais que não as privatizações”, concluiu Wellington Diniz.

O seminário do CNE finalizou com a certeza de que será um ano de muita mobilização e organização política contra as privatizações e pela democracia. “Vamos avançar cada vez mais e ir em frente com ainda mais força”, disse Nailor Gato, vice-presidente da FNU e integrante do CNE.

Texto: Jornalista Fernanda Carvalho