“14 de março de 2018, 21h30, 13 disparos de pistola 9 mm. Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro. Anderson Gomes, assassinado no Rio de Janeiro.
14 de março de 2019: Quem matou Marielle e Anderson? Quem mandou matar Marielle?
Esse texto começou a ser escrito na noite que antecedeu a prisão dos dois suspeitos de matarem a vereadora e seu motorista. Dois ex-policiais militares.
A pergunta agora é: QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?

1 ano. 365 dias e até o dia de hoje nenhuma justiça para este assassinato cruel encomendado a sangue frio na Cidade Maravilhosa.

Marielle representava luta. Marielle era a luta personificada. Era a linha fora da curva da sua comunidade e queria trazer consigo outras centenas – quem sabe milhares – de Marielles com ela. Lutava e resistia contra uma realidade que parecia jamais poder ser modificada em uma favela do Complexo da Maré. Sentia orgulho e por onde passava, assim se apresentava: “Sou Cria da Maré.”
Sua infância não fugiu da realidade das crianças do Complexo. Começou a trabalhar aos 11 anos de idade, viu nos estudos a oportunidade de mudar o seu destino.
Eleita vereadora em 2016, sendo a segunda mulher mais votada no país para esse cargo, estava em pleno exercício do seu mandato. Na Câmara Municipal do Rio do Janeiro, presidia a Comissão de Defesa da Mulher e estava a frente também da comissão que tinha como objetivo monitorar a intervenção federal no Rio de Janeiro. Por este trabalho, ela era totalmente crítica e denunciava constantemente as violações aos direitos humanos e os abusos policiais praticados contra os moradores das favelas.
Suas defesas na esfera legislativa buscavam sempre defender os direitos das mulheres, da população LGBT, dos negros e dos moradores das comunidades e favelas cariocas. Bandeiras fortes!
Nesses 365 dias que se passaram, Marielle multiplicou-se. Tentaram apagar Marielle, mas não conseguiram. Milhões de Marielle’s foram se espalhando no país, no mundo, em cada cantinho, em cada manifestação, em cada ato político.
Marielle virou tema símbolo da maior festa  popular brasileira. Consagrou o título de campeã para a Escola de Samba Mangueira, no Rio de Janeiro. Entretanto, em São Paulo, o recado dado não foi entendido, ou fora, e a Escola de Samba Vai Vai foi rebaixada também trazendo a verdadeira História do povo negro brasileiro em seu samba enredo.
Marielle emocionou na passarela. Mesmo aqueles que não são adeptos do carnaval ficaram emocionados com a menina Cacá Nascimento, de apenas 11 anos, que de tempos em tempos na Sapucaí abria a placa com a palavra PRESENTE. Isso já bastava, todos sabiam, era a Marielle que estava ali.
Queremos respostas. Exigimos respostas.
Quem mandou matar Marielle e Anderson?
Um crime bárbaro que ataca a democracia.
Por que a minoria incomoda tanto quando ascende na sociedade?
Até quando vidas serão cessadas na luta por um mundo melhor, com igualdade de oportunidades a toda a população?
Até quando seremos intolerantes?
Até quando nossa jovem democracia vai aguentar tantos golpes?
O mundo clama por justiça e pergunta: quem MANDOU matar Marielle?”
Renata Valim – Membro do Comitê de Jovens da ISP –  Secretária Nacional da Juventude FNU – Secretária Regional do Litoral Sindiágua RS
Geici Maiara Brig -Cocoordenadora Comitê de Jovens ISP Brasil – Dirigente Sindical FETRAM-SC/SINTRASEB