O município de Canoas, caso a atual gestão da Corsan não perdesse deliberadamente R$ 153 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), dinheiro que estava contratado junto ao Ministério das Cidades, estaria comemorando o andamento de obras que fariam o município alcançar 70% de cobertura de esgoto. Não fosse as denúncias feitas, teria perdido também os R$ 62 milhões que agora serão utilizados na ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto Mato Grande. A direção da Corsan não explicou o motivo de jogar tanto dinheiro assim no ralo em vez de transformar em obras no município. Mesmo assim, com as obras realizadas ou em licitação, Canoas chegará a 50% de cobertura de rede de esgoto e 100% da estrutura necessária para o tratamento. Vamos entregar todo este patrimônio para lucro fácil de empresa privada? Lembrando que a meta de universalização é 87%. Onde empresas privadas entram para gerir o esgotamento sanitário a tarifa sobe. Enquanto a companhia pública Corsan cobra 70% do consumo de água como tarifa de esgoto, empresas privadas cobram 80% (São Gabriel-RS) ou até 100% (Manaus-AM). O cidadão de Canoas não merece isto. Entendemos ser de fundamental importância que a Corsan faça o repasse de R$ 55 milhões ao município. Para isto, basta a Câmara de Vereadores aprovar um projeto onde o contrato seja estendido por mais 37 anos. Isto aconteceu em Gravataí, por exemplo, e o prefeito já recebeu mais de R$ 36 milhões ofertados pela Corsan. Tudo isto, sem a efetivação da Parceria Público-Privada (PPP). Resta, portanto, que a oferta de aporte financeiro não é por conta de autorização para PPP e sim pela prorrogação do contrato. Sobre a denúncia contra a PPP que tramita no Tribunal de Contas do Estado (TCE), está muito longe ainda de um parecer final, o que torna impossível o TCE ter afirmado que a PPP seria uma boa alternativa.

Presidente do Sindiágua-RS – Jornal do Comércio