Nota:

A FNU – Federação Nacional dos Urbanitários – se solidariza com a população de Brumadinho (MG), vítima do rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, em 25/1/19, e desde já se integra à luta por esclarecimentos e punições aos responsáveis por este crime humano e ambiental gravíssimo.

Assim como aconteceu há três anos na tragédia de Mariana (MG), o rastro de dejetos ceifou muitas vidas de trabalhadores e moradores da comunidade e corre para os rios locais, em especial o Rio Paropeba, contaminando e podendo impossibilitar a coleta de água em grande parte Bacia do Paraopeba e do Vale do Rio São Francisco, responsável pelo abastecimento das famílias de cerca de 50 municípios. O que torna essa tragédia ainda maior.

Apesar do momento de grande consternação e de solidariedade, não podemos deixar de denunciar que o ocorrido já era uma tragédia anunciada em grande parte decorrente do atual modelo de mineração, com empresas privatizadas e multinacionais que visam apenas o lucro a qualquer custo, mesmo que estes custos sejam humanos e/ou ambientais.

A promessa do atual governo federal de privatizar empresas estratégicas, como as de energia elétrica, petróleo, gás, água e saneamento, se efetivada, com certeza, poderá aumentar ocorrências trágicas com a vivida pela população de Brumadinho e assim deve-se entender, por definitivo, que a lógica de mercado não pode ser aplicada à segurança de instalações estratégicas do país.

A ganância do lucro peca no erro da negligência à segurança, à substituição de mão de obra especializada e ao sucateamento de equipamentos, entre tantos outros malefícios e irresponsabilidades. A lógica da gestão privada é avessa à função social e ambiental das empresas estratégicas.

Também não podemos pactuar com o enfraquecimento dos organismos de fiscalização das empresas, sejam elas públicas e privadas. Ao contrário, é preciso mais capital financeiro e humano para uma fiscalização eficaz.

Por fim, estamos mobilizando os sindicatos filiados para prestar todo apoio à comunidade atingida e reiteramos nossa posição contrária às privatizações no país e na insistência para que esse crime em Brumadinho seja apurado, a sociedade ressarcida e os culpados exemplarmente punidos.

Nenhuma vida a menos vítima da privatização!

#SomosTodosBrumadinho

São Paulo, 26 de janeiro de 2019.

Pedro Blois
Presidente da FNU – Federação Nacional dos Urbanitários

Leia também:
Não foi tragédia, foi crime

Quanto VALE a vida, quantas vidas a VALE e a mineração vão matar?

Urbanitários na resistência: contra à privatização do setor elétrico e do saneamento.
ÁGUA, ENERGIA E SANEAMENTO NÃO SÃO MERCADORIAS!