O economista Guilherme Mello, da Unicamp, diz que há um mito de que os serviços públicos são essencialmente ruins e lembra da importância da Petrobras para a economia

Para Guilherme Mello, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), a ideia do governo Bolsonaro de vender cem estatais não é positiva. Além de perder políticas públicas, segundo ele, o poder Executivo ficará de mãos atadas para enfrentar a crise atual.

O economista usa os bancos públicos como exemplo, responsáveis por financiar parte significativa do setor habitacional, a agricultura e programas sociais. “Aqui, no Brasil, os bancos privados atuam de forma cartelizada. Quem consegue romper essa bolha? São os bancos públicos. Além disso, em tempos de crise, você precisa dessas empresas públicas, o governo fica de mãos atadas sem elas”, afirma, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Guilherme Mello diz que há um mito de que os serviços públicos são essencialmente ruins, mas a população reconhece a importância das estatais, como a Petrobras. Uma pesquisa Datafolha, publicada no último dia 5 de janeiro, mostra que 60% dos entrevistados são contra as privatizações.

“Tem algumas empresas que o governo consegue vender e fazer dinheiro, mas  perde a possibilidade de fazer política e criar tecnologias. Ao vender a empresa, o governo também perde a capacidade de receber dividendos, ou seja, é uma ideia questionável”, explica o economista.

Apesar de estar há apenas dez dias no governo, Jair Bolsonaro e sua equipe “estão perdidos”, avalia Mello. “O sentido geral foi anunciado pelo Paulo Guedes, que visava a desconstrução do Estado e o corte de direitos. Porém, como isso será feito é algo confuso. A reforma da Previdência, por exemplo, não se sabe como será feita porque o ministro de Economia quer uma coisa, mas o presidente fala sobre outra”, acrescenta. (fonte: Rede Brasil Atual)

Dificuldade nos estados para venda de estatais será maior

Questões políticas e de governança podem dificultar o processo de privatização de empresas estatais nos governos estaduais, avaliam economistas alinhados ao mercado financeiro.

O professor de estratégia do Insper, Sérgio Lazzarini, comenta que os problemas de governança das empresas estaduais podem prejudicar a atratividade. “Em geral, a percepção é de que as estatais federais se organizaram melhor e melhoraram sua governança de forma mais intensa nos últimos anos, muito em função do trabalho da secretaria de estatais [SEST]”, diz Lazzarini.

“Esse esforço, em geral, foi menor em nível estadual e municipal, o que tende a reduzir a atratividade das empresas para potenciais investidores – muito embora, em alguns casos, tenhamos estatais mais transparentes e negociadas em bolsa [como a Sabesp]”, complementa o professor.

A avaliação é de que, do ponto de vista financeiro e de mercado, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná possuem ativos com alta atratividade. As 72 estatais nestes cinco estados faturam, juntas, R$ 107,8 bilhões ao ano, lista a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto. Somente as sete empresas públicas paranaenses geram receitas de R$ 28 bilhões, sendo que a maior parte (R$ 22 bilhões) vem da Companhia Paranaense do Paraná (Copel). (com informações: DCI)

Nossa luta não pode ter trégua contra a venda do patrimônio do povo brasileiro!

Leia também:
Trabalhadores denunciam riscos da privatização da Cemig
Na venda das estatais não há preocupação com a função social: empresários só querem as que dão lucro
Ministro diz que governo Bolsonaro pode privatizar ou liquidar cerca de 100 estatais
MP que privatiza o saneamento básico irá impactar diretamente os serviços nos pequenos municípios

Urbanitários na resistência: contra à privatização do setor elétrico e do saneamento.
ÁGUA, ENERGIA E SANEAMENTO NÃO SÃO MERCADORIAS!