Em entrevista à agência de notícias Reuters, o presidente da Eletrobras Wilson Pinto Jr. disse que “a intenção de desestatização da elétrica, seguindo a ideia do governo anterior” (governo Temer) ainda não está tomada, mas que o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, afirmou que pretende seguir adiante com a capitalização da Eletrobras.

“Estive com o almirante e a gente tem debatido sobre isso. A decisão sobre como fazer não tomamos ainda. O sinal verde (que foi dado) é reconhecermos a necessidade de capitalização para que a empresa tenha maior capacidade de investimento”, afirmou Wilson.

Leia a seguir a reportagem completa:

CAPITALIZAÇÃO DA ELETROBRAS AGUARDA DEFINIÇÕES DO GOVERNO SOBRE MODELO, DIZ CEO

O governo está convicto da necessidade de capitalizar a Eletrobras, mas o tema ainda não foi discutido com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, e não há definição sobre formato e valor da operação, que poderia levar à perda do controle da empresa pela União, disse à Reuters o presidente da estatal.

A gestão Michel Temer tentou levar adiante uma desestatização da companhia por meio de processo que envolveria a emissão de novas ações para diluir a fatia do governo na empresa, mas um projeto de lei com a proposta não avançou no Congresso Nacional em 2018 e as discussões foram retomadas apenas após a posse de Bolsonaro.

Mantido no cargo mesmo após a mudança de governo, o CEO da elétrica, Wilson Ferreira Jr., disse que começou agora a tratar do tema junto ao ministro de Minas e Energia, o almirante Bento Albuquerque.

Logo ao assumir o cargo, Albuquerque afirmou em discurso que pretende seguir adiante com a capitalização da Eletrobras, mas não entrou em detalhes.

“Estive com o almirante e a gente tem debatido sobre isso. A decisão sobre como fazer não tomamos ainda. O sinal verde (que foi dado) é reconhecermos a necessidade de capitalização para que a empresa tenha maior capacidade de investimento”, afirmou Ferreira, em entrevista por telefone, nesta terça-feira.

Questionado especificamente sobre a intenção de desestatização da elétrica, seguindo a ideia do governo anterior, ele disse que a decisão ainda não está tomada.

“Como vamos fazer isso? Reconhecemos que temos um projeto que foi ‘hibernado’ no Congresso e vamos avaliar as alternativas para tomar uma decisão… (em relação à) forma, como, quanto, (poderia ser arrecadado com a transação), não temos ainda uma definição”, acrescentou.

Segundo Ferreira, a decisão deverá ser tomada no curto prazo e envolverá também outras áreas do governo, como o Ministério da Economia.

Leilão de ativos

O executivo também afirmou que haveria tempo para avançar com a operação ainda em 2019 caso essa seja a opção do governo.

“O governo tem colocado e acho que é importante reconhecer o senso de urgência das coisas, das reformas… eu prefiro até não especular, mas dependendo do modelo que se escolher, sem dúvida nenhuma você pode tentar fazer em 2019, é razoável.”

O presidente da Eletrobras afirmou que, em paralelo, a companhia pretende realizar no primeiro semestre um leilão para vender participações em usinas eólicas e linhas de transmissão.

O certame envolveria ativos que não atraíram compradores em uma licitação semelhante realizada pela estatal em setembro de 2018.

“Vamos insistir em um segunda rodada agora… é o que sobrou ali, nenhum ativo adicional. Queremos fechar tudo no primeiro semestre. Faremos um esforço para que tenhamos a condição de fazer alguma coisa já no início do segundo trimestre, lá para abril”, disse.

RESSARCIMENTOS
Em outra frente, segundo Ferreira, a Eletrobras deve buscar novos ressarcimentos por perdas associadas a casos de corrupção descobertos por autoridades na Operação Lava Jato, depois
confirmados por investigação interna contratada pela companhia.

A elétrica anunciou no início de janeiro acerto para receber 162 milhões de reais do acordo de leniência fechado entre a Odebrecht e o governo federal. “Temos pleiteado outras. A companhia se colocou como vítima desse processo, é assistente da acusação em todos processos movidos pelas autoridades, e obviamente a contrapartida disso é ingressar com os pedidos, tal como esse da Odebrecht. Nós vamos atrás de todas as perdas da companhia”, afirmou.

O executivo revelou ainda, sem citar nomes, que as apurações internas e investigações de autoridades levaram ao desligamento de sete funcionários do grupo, sendo seis na Eletronuclear e um na holding Eletrobras.

“A empresa hoje é outra”, defendeu o CEO, que ressaltou também o encerramento de processos movidos contra a estatal nos Estados Unidos após as acusações de irregularidades.

ADEUS DISTRIBUIDORAS

O CEO da Eletrobras disse ainda que a Eletrobras deverá concluir até meados de março as operações de venda de todas suas distribuidoras de energia, privatizadas em leilões ao longo do ano passado, um passo apontado por ele e por especialistas como crucial para a recuperação da saúde financeira da elétrica.

Essas distribuidoras, que operam no Norte e no Nordeste, foram estatizadas pela Eletrobras a partir dos anos 90 e acumularam mais de 25 bilhões de reais em prejuízos desde então.

Segundo Ferreira, as subsidiárias não vinham sendo capazes sequer de honrar o serviço de dívidas que possuíam junto à holding Eletrobras.
A venda dessas empresas e programas de demissão consensual e aposentadoria promovidos pela Eletrobras devem resultar em uma redução de custos de pessoal consolidada na  letrobras de 2,79 bilhões de reais, acrescentou o executivo. (fonte: Último Instante)

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