No dia 05 de novembro de 2015 o mundo assistiu atônito ao rompimento da barragem de Fundão da Samarco/Vale –BHP que deixou em destroços a cidade de Mariana e causou efeitos devastadores nos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Famílias perderam suas casas, memórias e, em muitos casos, a própria subsistência.

 

Passados três anos, a esperança de ter os responsáveis punidos pela irresponsabilidade está cada vez mais esmaecida, como conta Heider (vou colocar o sobrenome) líder do movimento “Atingidos Por Barragens”. Segundo ele, do ponto de vista criminal, não existe sequer a perspectiva de julgamento. Os procedimentos já foram tomados com o setor executivo da Samarco, porém, como se localiza na comarca de Ponte Nova (MG), não existe previsão para que os autos saiam do papel.

 

“A ação civil pública já está encaminhada. Foi assinado um novo acordo de governança, mas isso não mudou muita coisa para nós.” Contou. “Uma coisa boa é que antes os atingidos não tinham nenhuma voz e esse novo acordo garante uma assessoria técnica para os atingidos.”

 

A assessoria técnica garante que os atingidos pela tragédia contem com profissionais trabalhando por seus interesses, no que tange tanto fatores sociais, como ambientais. Atualmente, de acordo com Heider, as pessoas que sofreram com desastre não recebem uma boa estrutura para organização, comunicação e nem para a aquisição de contraprovas, que seriam usadas no processo.

 

No Espírito Santo, metade do litoral é reconhecidamente atingido pelo rompimento da barragem. De Vitória até as cidades que fazem fronteira com a Bahia. Segundo Heider, quando o assunto são as indenizações e medidas emergenciais, pouquíssimas pessoas foram atendidas.

 

Comunidades pescadoras

 

O desastre também deixou sem perspectiva de subsistência capixabas que dependem da pesca, caso de Joice Lopes Miranda, residente de Barra do Riacho. Ela conta que com o rompimento da barragem, diversas áreas se tornaram impróprias para a pesca e que muitos dos afetados sequer receberam algum tipo de satisfação do poder público.

“Aqui, toda a comunidade foi atingida. Muitos de nós que vivíamos da pesca não temos como manter a sobrevivência. O que tirávamos antes, não conseguimos mais. E com o cartão emergência que nos dão, não é o suficiente para cobrir todas as nossas necessidades.’ Relatou.

 

Joice foi uma das atingidas que recebeu o benefício do cartão emergencial, porém, conta que o marido e os filhos, já maiores de idade, não são beneficiários. Além disso, relata que antes do rompimento, todos os moradores da casa contavam com a própria renda, algo que não pode ser suprido apenas com o benefício.

 

Ainda de acordo com Joice, muito dos moradores da comunidade sequer foram ouvidas. Uma delas, a própria mãe, que morreu reivindicando o direito de ser ouvida e indenizada. “Minha mãe morreu lutando e temos certeza que ela adoeceu por alguma infecção causada pelo rompimento da barragem. Em 2014 e meados de 2015 os exames dela não apontavam nada, logo depois do rompimento ela teve uma doença agressiva e repentina no fígado.  Não recebemos nenhuma satisfação da Samarco ou de alguém da área da saúde.”

 

 

Em memória às vítimas do desastre em forma de protesto pelos três anos de impunidade, o movimento Atingidos Por Barragens realiza desde ontem a marcha “Lama No Rio Doce: 3 Anos de Injustiça.”  A movimentação teve início em Mariana e será encerrada em Vitória, no dia 14. A marcha representa o trajeto percorrido pela lama e contará com comunidades atingidas pelo desastre. Confira a programação abaixo.

Fonte: Ascom Sindaema-ES

 

Programação

 

Minas Gerais

 

QUANDOO QUÊCIDADE
04– Encontro das mulheres e crianças: As consequências do Crime na vida das mulheres e crianças na Bacia do Rio Doce

– Ato Politico com presença de parceiros regionais e nacionais

Mariana
05– Encontro das mulheres e crianças

– Manifestação  – LAMA NO RIO DOCE: 3 Anos de Injustiça, fim da tarde

Mariana
06Seminário Universidade Federal Ouro Preto-UFOPOuro Preto
07Ato Político CulturalIpatinga
08Caminhada pelos DireitosNaque
08Assembleia: Água, Saúde e DireitosCachoeira Escura, distrito de Belo Oriente
09– Ato Político Cultural, CentroGovernador Valadares
10– Assembleia, Caminhada pelos Direitos e Feira de Saúde, no Bairro Santa RitaGovernador Valadares
11Caminhada por direitosAimorés
11Violação de Direitos Humanos e Espiritualidade: Ato na aldeia KrenakResplendor
12Caminhada pelos Direitos dos Atingidos e AtingidasResplendor
12Caminhada pelos DireitosItueta

 

Espírito Santo

 

QUANDOO QUÊCIDADE
01Ato PolíticoBaixo Guandu
 

10

– Feira da Saúde, na Praça da Catedral

– Missa na Catedral e Procissão Luminosa

Colatina
13Pescadores em defesa da vida, intervenção na Foz do Rio DoceRegência
14EncerramentoVitória