A venda da distribuidora de energia de Alagoas completa uma semana nesta sexta-feira (4/1). A Ceal (Companhia Energética do Estado de Alagoas), então concessionária da Eletrobras, foi vendida em um leilão em São Paulo por um preço simbólico de R$ 50 mil, em um lance único da empresa Equatorial. Segundo o presidente Sindicato dos Urbanitários de Alagoas (Stiu-AL), Nestor Powell, a venda da distribuidora deve causar demissões de trabalhadores e aumento na tarifa de energia.

Assim com já aconteceu com as outras distribuidoras vendidas, a energia mais cara e a demissão dos trabalhadores é o resultado direto da privatização.

O presidente afirmou que “a Distribuidora não foi vendida, mas foi entregue” e que, por causa disso, os danos podem ser irreparáveis. “Vemos aumento de tarifa, por exemplo, em qualquer processo de privatização. Todas as distribuidoras que pediram revisão tarifária, a conta de energia ficou mais cara”, disse.

Nestor também ressaltou que os mais prejudicados com essa venda serão os que moram em comunidades mais pobres de Alagoas, além dos trabalhadores que perdem a estabilidade e podem ser demitidos.

“Qualquer empresa busca o equilíbrio econômico e financeiro, mas imagine uma empresa privada que não busca fazer um investimento de qualidade. Uma comunidade pobre e distante não gera lucro para um empresário. Imagine se essa comunidade precisar de um conserto na parte elétrica, ele vai calcular o preço e analisar o quanto aquele local arrecada”, explicou o presidente.

Ele também citou o programa Luz Para Todos, que beneficia cerca de 500 mil pessoas do Estado com ligações é melhorias na rede de distribuição de energia.

“Sabemos que esse programa tem custo e que existe uma legislação que obriga que a energia chegue em determinados locais. O que acontece é que, se a empresa privada esquecer a função social da energia, as cidades mais pobres vão sofrer”.

Sobre os servidores, ele disse que a demissão de quadros é praticamente inevitável. “No lugar lugar que teve privatização, cerca de 40% do quadro chegou a ser demitido, e os funcionários foram trocados por terceirizados”, apontou.

Ações na justiça

Nestor enfatiza que algumas ações tramitam na justiça do Rio de Janeiro questionam a venda das distribuidoras do grupo Eletrobras.

Em novembro de 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou uma liminar que impedia a realização do leilão da Ceal. A data do leilão chegou a ser adiada do dia 19 de dezembro para o dia 28. Mesmo com diversas tentativas, o sindicato não conseguiu que a venda não acontecesse.

Segundo o Sindicato dos Urbanitários, apesar do ministro Lewandowski ter autorizado a venda, o mérito final da questão ainda não foi julgado. Para o sindicato, ainda é possível que a Ceal precise pagar algo ao Governo do Estado”. Além dessa dívida, existe outra ação que tramita  que refere-se ao impacto dos prejuízos que poderiam ser causados aos trabalhadores. (fonte: Cada Minuto)

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