O Sindieletro procurou de novo o RH da Cemig para fazer perguntas que não podem mais esperar para serem respondidas: Em qual mês ocorrerá a progressão de carreiras na empresa este ano? Desta vez a avaliação de desempenho vai ser considerada na definição da progressão? O que a Cemig chama de novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração vai corrigir os desvios de função?  O plano vai acabar com os apadrinhamentos na estatal? Vai ter discussão ampla do plano com os sindicatos?

Há anos a empresa se faz de surda para os questionamentos da categoria enquanto a injustiças, apadrinhamentos e desvios de função continuam tirando dos eletricitários o entusiasmo com a carreira na Cemig.

Na base operacional, a desmotivação é agravada pela incerteza trazida pelo chamado “Programa de enquadramento”, que a Cemig ameaça implantar com a participação apenas dos gerentes.

Não há informação oficial, nem debate aberto, mas o comentário geral é que a consultoria encarregada de ajudar a construir o PCCR  dimensionou os cargos da área técnica nos nível I,II,II e IV. Daqui para frente, os gerentes estariam encarregados de, sem qualquer critério claro ou debate com as entidades, indicar os nomes dos trabalhadores que ocupariam os diferentes níveis.

Um técnico da capital que, por medo de retaliações não quis se identificar, teme que esse programa trave ainda mais  as carreiras técnicas,  que já estão estagnadas na empresa. “Desde que entrei na Cemig, há 12 anos, estou estacionado como Técnico I Neste tempo todo só tive dois aumentos de 4% cada, assim mesmo porque ficou provada uma irregularidade, que era o fato de nós, aprovados no concurso de 2006, termos salário abaixo dos empossados pelo concurso de 2012”, conta.

Já o técnico industrial que entrou na Cemig em 2006 e que também teve salário equiparado aos concursados de 2012, conta que, quando a empresa solucionou essa irregularidade  anulou todos os aumentos horizontais e verticais que teve anteriormente por mérito. “Acabei sendo punido, apesar do bom desempenho, e ficando no mesmo patamar que todos os técnicos nível I. Por essas e outras é que hoje a maioria dos colegas que se esforçaram para ter promoção estão desmotivados, fazendo concurso para outra empresa ou com ação na Justiça cobrando equiparação salarial”, explica.

“Se continuarem com essa política de RH, daqui a pouco não vai ter mais profissional qualificado para a função técnica na empresa,” acredita.

Um técnico de BH ressalta que, por causa da política de RH da empresa, há setores inteiros na Cemig, com equipes paradas no nível I, como nas usinas, enquanto em outros locais todos trabalhadores já alcançaram o nível III. Segundo ele, mesmo assim a Cemig continua distribuindo verba do PCCR para essas gerências com menor necessidade.

Programa de enquadramento

Um técnico do Anel Rodoviário diz que tudo o que se sabe sobre as prováveis mudanças nas carreiras vem da “rádio peão” (comentários dentro da empresa). “O que se fala é que o RH não quer promover ninguém de nível. Mas os gerentes não confirmam e nem explicam as mudanças”.

Outro técnico industrial diz que a informação no seu setor é que as gerências voltarão a ter técnicos nível 4, mas que o RH fará reenquadramentos apenas de cargos e não de salários. “Se o programa for assim, não vai adiantar nada”, disse.  Para os trabalhadores ouvidos pelo Chave Geral, o que está se desenhando é mais uma oportunidade privilegiada para se promover amigos dos chefes.

A gerência RH/RT foi procurada por telefone  e e-mail para responder os questionamentos sobre o programa de enquadramentos e PCCR mas não respondeu.

A direção do Sindieletro ressalta que o  PCCR pode ser uma boa ferramenta de gestão. Mas, para isso, a Cemig precisa cumprir a palavra dada na mesa de negociação garantir a participação dos sindicatos e dos trabalhadores na elaboração e acompanhamento do plano, acabando com desvios de funções e apadrinhamentos e criando perspectiva para as carreiras.

Verba do PCR é luta permanente

Todos os anos a direção da Cemig tenta rebaixar essa conquista, mas nunca aceitamos. Vale lembrar que, na Campanha de Renovação do ACT de 2017, os eletricitários e eletricitárias da base do Sindieletro não aceitaram a redução da verba de 1,2% para 0,6%. A luta foi vitoriosa: Com nossa mobilização a Cemig recuou e não reduziu o percentual.

Só depois que o Sindieletro garantiu a manutenção o percentual de 1,2% os sindicatos que assinaram o Acordo com rebaixamento do direito para 0,6% obtiveram a autorização da empresa para mudar a cláusula, sem esforço algum. Ou seja, se os eletricitários dependessem desses sindicatos que assinaram acordo rebaixado sem ouvir as suas bases, a verba do PCR já teria ido para o espaço.