As empresas da Eletrobras são a espinha dorsal do Sistema Elétrico Nacional – SIN, sem a participação da estatal no setor as indústrias, comércio, agricultura e residências estariam, em boa parte, na dependência de um serviço precário ou até mesmo de alternativas como geradores, baterias e outros.

Tamanha a sua importância estratégica para o desenvolvimento econômico e social, que a estatal possui uma regulação e fiscalização peculiar. Tanto que, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é bastante criterioso para liberar o desligamento e manutenção de seus equipamentos.

Neste contexto, o ONS somente autoriza manutenções em equipamentos prioritários para o SIN em períodos de carga leve, ou seja, durante a noite ou em finais de semana para que não ocorram falhas no fornecimento de energia no país, os famosos apagões.

No entanto, a direção de Furnas age contra as determinações do Operador. A empresa ordenou que as manutenções fossem realizadas em dias e horários impróprios. Tudo isso para diminuir o pagamento de horas extras às equipes, pois a máxima agora é economizar a qualquer custo. A decisão pode provocar um blackout, como recentemente vimos acontecer, devido a falha de planejamento da empresa chinesa State Grid que realizava testes em equipamentos no horário de ponta.

São vários os equipamentos (unidades geradoras, linhas de transmissão, disjuntores, seccionadoras) que já deveriam ter sofrido atividades de manutenção, mas devido o ONS somente liberar o desligamento em finais de semana, as atividades foram canceladas por Furnas e com isso os equipamentos estão trabalhando sem a devida manutenção, podendo a qualquer momento vir a desligar por alguma falha técnica.

A responsabilidade ficará à cargo do conjunto da diretoria de Furnas, por não cumprir a determinação do ONS e pela irresponsabilidade de não efetuar as manutenções necessárias, com o objetivo de reduzir custos a qualquer risco e precarizar a prestação de um serviço de qualidade ao povo brasileiro, que é o legitimo proprietário das empresas e que ao final é quem paga a conta para a existência do Sistema Elétrico Nacional.

Tele Comando ou Tele Abandono?

O Telecomando ou Teleabandono, como iremos chamar, é um filho pródigo do OBZ (Orçamento Base Zero), esse é o pretexto para se realizar todo tipo de ajuste em Furnas. Com a justificativa de reduzir os custos com PMSO, os Diretores da empresa justificam que o “P” está sobrecarregado e, portanto, sucateiam as subestações, para que não existam mais operadores em turnos ininterruptos.

O ONS em seu manual de procedimentos de rede aponta vários critérios para permitir que tais desassistências ocorram no SIN, as estações classificadas como do tipo E1 não podem ser telecomandadas, mas Furnas irá descumprir tal diretiva e a primeira subestação a sofrer tal intervenção é a de Araraquara, São Paulo.

O Procurador do MPT fez o seguinte comentário:

“Não é de se admirar que ocorram, com tanta frequência, situações como quedas e interrupções de fornecimento de energia. Os quadros de funcionários são mantidos em patamar tão subdimensionado, que qualquer situação de emergência não terá como ser respondida à altura. O dano não é, portanto, apenas aos trabalhadores envolvidos, dos quais a ré exige o trabalho em condições de acentuado e inaceitável risco de morte, mas a toda a sociedade brasileira! E tudo porque a empresa deseja economizar quantia para ela quase insignificante, deixando de contratar alguns poucos novos funcionários”. Processo nº 0000178-98.2014.5.15.0006.

Pelo que parece, a Diretoria de Furnas esta se acostumando a não cumprir mais decisões judiciais, existem outros fatos recorrentes.

Segurança do Trabalho um item essencial, mas não para a Direção de Furnas

Com o OBZ, os técnicos de segurança do trabalho foram impedidos de acompanhar as equipes de manutenção caso viessem a trabalhar fora da sua jornada normal de trabalho. Após denuncias dos sindicatos, a direção da empresa voltou atrás e liberou o acompanhamento dos técnicos em todas as atividades.

A direção da empresa deve se atentar à NR10, a norma existe e deve ser cumprida à risca. Segurança dos trabalhadores não é custo, é investimento e cuidado. Quem pode calcular quanto vale uma vida? (fonte: Stiu-DF)