Com auditório lotado, na sexta-feira (23), eletricitários, dirigentes sindicais e especialistas debateram os impactos da privatização da Eletrobras para a sociedade, indústria, comércio e agricultura. A atividade promovida pelo Sindicato dos Urbanitários no Mato Grosso (STIU-MT) contou com a presença de 250 pessoas.

Na ocasião, o presidente da entidade, Dillon Caporossi, destacou que a discussão da privatização não se restringe à pauta corporativa, trata-se de uma questão nacional, que traz reflexos no âmbito social e econômico do país. Ele disse ainda que o debate precisa ser técnico, com informações e dados que viabilize a discussão em torno do assunto.

O técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Gustavo Teixeira, afirmou que a venda da Eletrobras se configura na perda do protagonismo estatal, no desmantelamento da soberania energética e hídrica, além do aumento na tarifa de energia e precarização dos serviços prestados.

De acordo com estudos da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), a tarifa industrial no Mato Grosso foi a mais alta do país em 2011, a segunda mais alta em 2013 e a terceira mais alta em 2016 e 2017. Em 2011 a tarifa industrial no Mato Grosso era muito superior à média brasileira e a média de diversos países da Europa, Ásia e América Latina.

Teixeira observou que, quando se trata de setores estratégicos, o Brasil está caminhando na direção contrária. “Países centrais, como Estados Unidos (EUA), Canadá e a Austrália têm barrado investimentos estrangeiros na forma de aquisição de empresas nacionais, alegando questões de segurança nacional. Essas iniciativas têm ocorrido inclusive no setor de distribuição de energia elétrica. Em 2016 o Secretário do Tesouro Australiano bloqueou ofertas da estatal chinesa State Grid na tentativa de comprar uma participação controladora na maior concessionária de energia elétrica do país, a estatal Ausgrid” informou o técnico.

Nos EUA, o setor público federal possui a maior parte da capacidade de energia hidrelétrica, principalmente o controle das grandes hidrelétricas, e o Corpo de Engenheiros do Exército é quem opera grande parte delas.

Para Agenor de Oliveira, do Instituto Ilumina, o sistema elétrico brasileiro é singular e com a privatização da estatal existe risco real e crescente de déficit no abastecimento de energia elétrica no Brasil, além de resultar em grandes incertezas para a expansão do setor elétrico.

De acordo com o representante da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Belisário dos Santos, há grande preocupação da entidade com o impacto da privatização na área rural. Santos afirmou ainda que o estado é responsável por uma das tarifas mais caras do país, e, devido a complexidade do tema, é necessária uma maior discussão sobre o assunto. “O privado quer, essencialmente, lucro”, disse.

O presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores Urbanitários nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e no Distrito Federal – FURCEN, Cleiton Moreira, evidenciou a luta das entidades sindicais contra a venda da Holding. Ele ressaltou a criação das Frentes Parlamentares em defesa da Eletrobras e das demais subsidiárias da estatal.

Para Moreira, a unidade e comprometimento da categoria são fundamentais para barrar o desmonte do patrimônio brasileiro, bem como, o aumento na conta de energia.

Participaram da atividade a Federação Interestadual dos Trabalhadores Urbanitários nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e no Distrito Federal – FURCEN, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), o Sindicato dos Urbanitários no DF (STIU-DF), a Superintendência de Defesa do Consumidor (Procon-MT), a Internacional de Serviços Públicos (ISP), o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso (Sindenergia).

Energia Não é Mercadoria

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Texto: Roberta Quintino- Ascom STIU-DF