CUT/MG, Sindieletro e outros sindicatos, movimentos sociais e mandatos políticos se unem na resistência contra a venda da estatal

Trabalhadoras e trabalhadores da Cemig, convocados pelo Sindieletro-MG, contaram com o apoio dos movimentos sindical e sociais e de mandatos de deputados estaduais e federais em Ato da Unidade contra as Privatizações e em defesa da empresa realizado no início da tarde desta quinta-feira (17/1), em frente à sede da companhia, em Belo Horizonte. Todos assumiram o compromisso de resistir à privatização, proposta pelo governo de Minas Gerais, mas de toda e qualquer estatal, projeto do governo federal.

As entidades também estarão unidas na Agenda de Lutas que vai ser construída neste ano. O planejamento começará neste sábado (19), às 9 horas, na Plenária Intercategorias, no Centro Cultural, na rua Itararé, 566, no bairro Concórdia, Belo Horizonte -MG, convocada pelo Sintect-MG, Sindicato dos Trabalhadores dos Correios. Uma das agendas é o Ato em Defesa da Justiça Federal, programado para segunda-feira (21), às 8h30, no Barro Preto. Esta manifestação, que acontecerá também em outros estados, servirá como preparação para protesto nacional no dia 5 de fevereiro, em Brasília, que terá mobilização em Belo Horizonte no mesmo dia.

“Este é um momento importante para trabalhadoras e trabalhadores da Cemig, que participam deste ato para mostrar sua posição de resistência à proposta de privatização da de Cemig. Estão juntos aqui sindicatos, a CUT, movimentos sociais e mandatos para não permitir a entrega da empresa à iniciativa privada. Todas as privatizações resultaram em demissões. Nos incorporamos na luta contra os projetos neoliberais e continuaremos unidos, para elevar o nível de conscientização da sociedade mineira. Esta luta vem desde a década de 1990, quando enfrentamos e vencemos as tentativas de venda da Cemig, quando Fernando Henrique Cardoso e Eduardo Azeredo governavam, respectivamente, o Brasil e Minas Gerais. Em 2014, houve nova tentativa e conseguimos vencê-la. O momento é de potencializar o diálogo com a sociedade e de fortalecer a luta para barrar a privatização”, disse Jefferson Silva,  coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG).

Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT/MG e deputa estadual eleita, reafirmou seu compromisso na luta contra as privatizações.  “Estou aqui onde sempre estive. E quero lembrar de quem não está e deveria estar aqui. O governo do Estado não compreende que não se faz deliberação com a sociedade pelo twitter. Uma discussão como essa não pode ser pelo twitter e, sim, cara a cara.  A Cemig não vai ser privatizada. Este é  nosso compromisso. Se o governo quer conversar sobre a crise econômica, que debata com o povo sobre a sonegação das empresas, sobre a isenção fiscal. O déficit da previdência do Estado tem origem e responsáveis. Temos que rediscutir a dívida do governo federal com o Estado a partir da Lei Kandir. Privatização é o mesmo que corrupção, favorecimento de amigos, de precarização do trabalho. O que a sociedade ganha? Quando foi preciso, a Copasa, a Cemig e a Codemig anteciparam recursos. As privatizações não resultaram em nenhuma melhora”, disse.

“Reafirmo o compromisso de luta, pois temos que combater essa ideia de o que é público é ruim. Precisamos debater com o povo a importância de uma empresa como a Cemig. Debater  o que a grande mídia não faz: a privatização é feita com dinheiro público. Impulsionar a discussão de forma popular é o nosso compromisso. A partir do dia 1° de fevereiro haverá, na Assembleia Legislativa, uma trincheira de resistência contra a privatização da Cemig. Querem colocar nas costas da sociedade e da classe trabalhadora todo o ônus da crise. E a privatização das estatais não vai resolver a crise. Podem contar com o nosso mandato popular e coletivo. Faremos a luta com toda a disposição necessária e pelo tempo que for necessário. Parabéns ao Sindieletro pela articulação e por protagonizar a resistência”, concluiu Beatriz Cerqueira.

“No próximo sábado vamos fazer uma Plenária com todas as categorias, para nos unirmos em uma Agenda de Lutas. A luta dos eletricitários será a dos trabalhadores dos Correios. A dos trabalhadores dos Correios será a dos metalúrgicos e assim por diante. Todos juntos. A Cemig também é nossa, assim como os Correios, a educação, a saúde. Já tentaram privatizar os Correios nos anos 1990. Não devemos medir esforços para que a Cemig continue pública. O preço da privatização sempre foi pago pelo povo. Foi ruim na Rede Ferroviária, na Vale, na Usiminas, no sistema telefônico. E não será diferente em outro lugar. A Plenária será o pontapé na construção de uma pauta mínima, para travar a luta. Só na luta vamos garantir uma Cemig pública e de qualidade”, afirmou Robson Gomes da Silva, presidente do Sintect-MG.

Segundo o secretário-geral da CUT/MG e dirigente do Sindieletro-MG, Jairo Nogueira Filho, o movimento de resistência à privatização tende a crescer. “Damos um recado para o Zema: não vai conseguir privatizar a Cemig. Em 1997, FHC e Azeredo tentaram e demos uma rasteira em Azeredo, elegendo Itamar. Em 2014, Anastasia também tentou e perdeu. A última pesquisa do DataFolha apontou que 70% dos brasileiros são contra as privatizações. Para que ela seja aprovada, são necessários os votos de três quintos dos deputados estaduais e de um referendo popular. Não vai ser fácil colocar isso na Assembleia Legislativa. Não vão privatizar a Cemig e temos que lutar para resgatar a tarifa social, os royalties para a educação e a função social da empresa.” (fonte: CUT-MG)

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